Com a moderação do consumo no Brasil, colocar um produto no carrinho de compras do consumidor se tornou um desafio para as empresas. Eduardo Ragasol, gerente geral da Nielsen Brasil, alerta que nem todos os setores conseguirão crescer no ambiente de desaceleração.

“São os nichos de mercado que terão crescimento”, disse o executivo ao Brasil Econômico. “É preciso também expor os produtos ao consumidor de maneira que ele tenha rápida percepção de valor”, recomenda.

Estudo divulgado pela empresa mostra que o consumo no país deve crescer 2,5% em 2012, em volume. O cenário, como se sabe, é de moderação. “O consumo vai expandir sim, mas em ritmo bem menor”, diz Ragasol, que divulgou a pesquisa em palestra a empresários no Club Transatlântico (São Paulo).

No entanto, o executivo acredita que apenas setores em linha com as novas tendências terão oportunidades. O destaque fica com as farmácias e drogarias, segmento em que os consumidores gastaram 12% a mais em 2011.

Além disso, o faturamento das farmácias teve maior contribuição das classes C e D.

Para ele, o motivo é que esse setor do varejo mistura duas características que estimulam o consumo atual. A primeira é apresentar produtos inovadores, e a segunda é praticidade das lojas, que reúnem diversos produtos em um mesmo ponto de venda.

“As drogarias têm criado espaço para produtos exclusivos e também tem priorizado a conveniência”, explica.

Ele aponta que as drogarias, por terem se especializado em vendas de cosméticos, passam a atrair os consumidores que estão dispostos a pagar mais, como é o caso da nova classe C.

“As classes B e C continuam sendo as que mais impulsionam o consumo”, diz Ragasol, que afirma terem mais sucesso os produtos com inovação.

Nesse sentido, têm destaque as vendas de produtos ligados à saúde e bem estar. Sucos prontos, sabonetes líquidos, iogurtes especiais e até whisky importado pesa mais na cesta dos consumidores, em relação aos mesmos produtos com menor valor.

“A compra desses produtos tem crescido bem além da média da cesta de consumo, cerca de quatro vezes mais”, diz.

Outro segmento do comércio que aumentou foram os chamados “atacarejos” – lojas originalmente de atacado que abriram para consumidores que comprem em grandes quantidades.

“Nesse canal, o consumidor faz compras de abastecimento. Então ele reage muito rápido a promoções do tipo leve 3 e pague 2”, diz.

Para Ragasol, os setores menos promissores são justamente os que vão contra essa tendência. Exemplos são os hipermercados e supermercados, que tendem a minguar, dando lugar a lojas de conveniência.

“O tempo virou variável fundamental do hábito dos consumidores na vida urbana. Há maior estresse, e as mulheres têm um papel maior no trabalho, então precisam de escolhas muito mais convenientes”, diz.

(Por Brasil Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo