A inovação já faz parte do varejo brasileiro e o número de startups nacionais focadas em tecnologias voltadas para melhorar a forma de relacionamento com o consumidor subiu de 194 para 269 nos últimos doze meses, um crescimento de quase 40%. A região Sudeste continua com a maior concentração de startups (67,1%), seguida pela região Sul (25,6%%), Nordeste (5%), Centro-Oeste (1,8%) e Norte (0,8%).

Metade das empresas está no estado de São Paulo. Rio Grande do Sul ocupa a segunda posição no ranking, com quase 10% das startups, seguido por Minas Gerais (9%), Paraná (8,2%), Santa Catarina (7,8%) e Rio de Janeiro (7,4%). Os dados são do Retail Tech Mining Report, levantamento feito em 2019 e desenvolvido pela plataforma de inovação aberta Distrito e pelo OasisLab, primeiro centro de inovação especializado em varejo do Brasil.

O documento teve o apoio do Centro de Estudos e Pesquisas do Varejo (CEPEV) da USP, KPMG, Neomode, Neoway e Posigraf. Em sua construção também foram consultadas informações da Associação Brasileira de Startups, DisruptBox e LinkedIn.

Muito além das compras pela internet
Segundo o fundador e CEO do OasisLab, Hélio Biagi, em 2018, cerca de 10% do volume de compras no varejo nos EUA foi realizado por meio de e-commerce e o crescimento dessa fatia tem se mantido consistente em cerca de um ponto percentual por ano. Ele explica que no Brasil o comércio eletrônico ainda representa pouco mais de 4% do total, mas o setor tem apresentado crescimento de dois dígitos mesmo num cenário de crise.

“No entanto, a inovação no varejo vai muito além de permitir que o consumidor faça suas compras pela internet. Dentro da loja física, transformações óbvias se misturam às mais sutis. Enquanto clientes se encantam com tecnologias como displays e espelhos inteligentes, realidade virtual e checkout automatizado, outras menos evidentes também são fundamentais para o varejista”, completa.

É dentro desse cenário que as startups brasileiras ganham força ao apresentar uma nova forma de se relacionar e fazer negócios. Divididas em nove categorias, elas oferecem soluções para o varejo dentro das áreas de operações, inteligência artificial, pagamentos, engajamento do consumidor, logística, internet das coisas, ambientes virtuais, sustentabilidade e e-commerce.

Ampliação de informações

Segundo a especialista em varejo Fabíola Paes, porta-voz da Neomode – parceira do estudo e que trabalha com soluções omnichannel a fim de melhorar a logística das empresas -, o Retail Tech Mining Report é importante uma vez que amplia e aprofunda as informações apresentadas ano passado no “Loja 4.0: Panorama das startups brasileiras do varejo – 2ª edição 2018”. “Podemos ver, por exemplo, que 94% das startups existentes foram criadas nos últimos oito anos e que o grande impulso no setor ocorreu em 2015, quando 19% das empresas mapeadas iniciaram as atividades”.

A Neomode, por exemplo, surgiu em 2016 e está entre as 19 startups que desenvolvem soluções pensando na área logística. Sua plataforma exclusiva de integração Omnichannel World Class conecta as vendas online com o estoque das lojas físicas e as transformam em verdadeiros minicentros de distribuição, capazes de atender novos pedidos de compras com o estoque local. Do grupo mapeado no Retail Tech, explica Fabíola, a maior concentração de startups está no ramo de operações, com 72 startups. “Depois aparecem engajamento com o consumidor (54) e e-commerce (39)”.

Fabíola acredita que embora já tenhamos um grande crescimento em inovação e uso da tecnologia no varejo brasileiro, ainda há muito a se fazer. “A transformação digital e a inovação partem de uma mudança de conceito, uma quebra de paradigmas, no acreditar que é possível fazer melhor e diferente do que se está acostumado. Vai da integração de canais ao bom uso da informação obtida por meio deste movimento, algo que realmente impacta a vida tanto de quem vende quanto de quem consome”, conclui.

(Por NoVarejo) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Startups