O número de empresas com contas em atraso e registradas nos cadastros de devedores cresceu 8,92% em março deste ano, na comparação com o mesmo período de 2017, de acordo com dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
O crescimento foi puxado, principalmente pela região Sudeste, onde o crescimento do número de empresas inadimplentes foi de 15,26% na comparação anual. Nas demais regiões também houve crescimento, mas menos expressivos e em tendência de desaceleração: alta de 3,56% no Sul, 2,35% no Centro-Oeste, 2,33% no Nordeste e 1,23% no Norte. Na passagem de fevereiro para março de 2018, sem ajuste sazonal, houve leve alta de 2,36% nos atrasos no país.
Os especialistas do SPC Brasil explicaram que a alta expressiva da inadimplência na região Sudeste é um fenômeno localizado, que aconteceu devido a revogação de uma lei no Estado de São Paulo que exigia por parte dos credores o envio de uma carta com Aviso de Recebimento (AR) antes de efetivar o registro de atraso. “Com o fim da lei, que burocratizava e tornava mais caro o processo de registrar uma dívida no banco de dados, muitas das negativações que estavam represadas entraram na base de dados de forma mais abrupta, contribuindo para um aumento da inadimplência não apenas na região Sudeste, mas no Brasil como um todo”, explicou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Outro indicador também mensurado pelo SPC Brasil e pela CNDL é o de dívidas em atraso em nome de pessoas jurídicas. Neste caso, o crescimento foi de 7,47% na comparação anual e o destaque, mais uma vez, foi do Sudeste, que observou variação de 14,45% no período. Na comparação mensal, na passagem de fevereiro para março, a variação positiva foi de 2,40%.
Entre os segmentos devedores, a maior alta ficou com o ramo de serviços, que registrou crescimento de 12,64%. Em seguida estão o comércio com 6,12%, a indústria e agricultura com 5,57% e 3,82%, respectivamente.
Considerando os setores credores, ou seja, apenas as empresas que deixaram de receber por uma dívida, o ramo de serviços também liderou e apresentou alta de 9,29% no último mês de março. Em segundo lugar estão as indústrias (6,75%), acompanhadas das empresas do comércio (3,02%). O único ramo a apresentar recuo foi a agricultura, cuja queda foi de 3,88% no período. De modo geral, cada empresário inadimplente possui duas dívidas registradas no banco de devedores e 70% de todas as pendências são com o setor de serviços, que contempla instituições financeiras.
Para a economista Marcela Kawauti, a inadimplência cresceu de forma acelerada nos momentos mais agudos da crise, e agora está limitada pelo cenário de escassez crédito. Nos próximos meses, a esperança e que a melhora da atividade econômica alivie a situação financeira das empresas, contribuindo para reduzir o fenômeno da inadimplência.
O Indicador de Recuperação de Crédito mensurado pelo SPC Brasil e pela CNDL mostram que em março de 2018, o número de empresas que conseguiram recuperar crédito no acumulado dos últimos 12 meses apresentou queda de 0,79%. Apesar do recuo na quitação de dívidas, as quedas já foram maiores em períodos mais agudos da crise, chegando a -8,16% em setembro de 2016.
Dados do levantamento mostram ainda que do total de empresas que saíram do cadastro de devedores mediante pagamento, a maior parte (45%) atua no setor de comércio. Outros 42% atuam no setor de serviços e 9% estão no ramo da Indústria.
(Por Super Varejo) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM