Recentemente, um grupo de hackers assumiu o controle de todas as operações on-line de um grande banco brasileiro por cerca de seis horas, conseguindo acesso a senhas, números de cartões e outras informações privadas de clientes. Este e outros casos recentes de ataques virtuais vêm preocupando empresários e usuários dependentes de transações on-line.

Mas, e se disséssemos que já existe uma tecnologia que pode impedir (ou pelo menos reduzir a números inexpressivos) as fraudes virtuais? Uma mesma tecnologia que permita a realização de transações financeiras sem a intervenção de terceiros, como instituições financeiras e reguladoras? Pois ela existe e promete transformar completamente o futuro do e-commerce e como compramos on-line.

O Blockchain se tornou conhecido recentemente graças às criptomoedas, mais especificamente o Bitcoin. Semelhante a um banco de dados tradicional, esse sistema tem como principal vantagem o fato de manter as informações guardadas em blocos, ligados e protegidos por criptografia e matemática avançada. Cada bloco é um tipo de código que armazena dados, dinheiro e contratos. Por isso, hackear o sistema on-line de um grande banco em cerca de seis horas seria muito mais difícil pois, com essa tecnologia, as transações acontecem em um banco de dados descentralizado. Para conseguir invadir o sistema, os criminosos precisariam de um poder computacional gigantesco.

Dado o seu potencial, o Blockchain representa oportunidades para os mais variados negócios, inclusive para as startups que buscam maneiras criativas e eficientes de apresentar os melhores resultados e preferem caminhos com a menor fricção possível. Outro potencial beneficiário do Blockchain é o setor logístico. Tema da XXI Conferência Nacional de Logística, a tecnologia foi abordada como fundamental para a redução das equipes necessárias para a realização de transportes de cargas, bem como o número de documentos, movimento conhecido como “paperless”. Essas medidas diminuem os riscos de fraudes e erros internos durantes os processos, além de reduzir drasticamente os custos logísticos.

E-commerce e logística

A plataforma de comércio eletrônico T-Mall, da Alibaba, para citar um exemplo, prova que o Blockchain pode ser revolucionário não só para as empresas de logística, como também para o e-commerce. Por meio de uma parceria com a empresa de logística Cainiao, a T-Mall pretende transferir informações sobre importações e exportações para os blocos, incluindo o país de origem, local de embarque, local de chegada e detalhes sobre o transporte. O acordo, além de diminuir os custos com o transporte dos produtos, garante maior confiança entre cliente e o e-commerce, já que as informações podem ser acessadas a qualquer momento pelos consumidores de forma prática e segura, sem intermediários.

Dessa forma, processos que outrora precisavam de rotinas complexas e demoradas de aprovação e homologação, agora, podem ser feitos de maneira quase instantânea e sem intermediários. Toda jornada de compra, desde o pagamento à entrega, é feita por meio do Blockchain, garantindo uma agilidade e segurança até então nunca experimentados pelo mercado.

Mas nem tudo são flores. Apesar de mais segura do que as práticas atuais, a Blockchain não é totalmente à prova de fraudes e erros. Ela apresenta algumas contradições nesse sentido: ao mesmo tempo que reduz a burocracia e aumenta a segurança por meio do anonimato e da falta de necessidade de confirmações constantes de identidade, permite, pelo mesmo motivo (se for implementada sem o devido cuidado), que transações anônimas e irreversíveis sejam realizadas.

Herança das criptomoedas

Como toda tecnologia, existe a possibilidade de falhas e fraudes humanas, além de erros em algum ponto da rede que possa desestabilizar a comunicação entre todos eles. Além disso, ainda existe certa resistência e preconceito ao redor da tecnologia, especialmente pelos casos de enriquecimento ilícito vindos à tona no setor de criptomoedas que utilizam o Blockchain.
De toda maneira, trata-se de uma tecnologia que veio para ficar. Sua adoção em massa pode levar algum tempo, mas cabe às empresas que desejam permanecer no topo de seus mercados, garantirem que seus negócios estejam à frente quando o assunto é tecnologia, inovação e experiência do usuário.

*(Por NoVarejo – André Palis, sócio-fundador da agência de marketing digital Raccoon) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Blockchain