O Mercado Livre decidiu bater de frente com os Correios. Uma das principais contratantes do serviço estatal de entregas, a companhia se manifestou por meio de um e-mail para os seus usuários e um site onde acusa os Correios de aumentar o valor dos fretes em até 51% para repassar custos de sua ineficiência operacional.
Os Correios não se pronunciaram oficialmente sobre esse aumento. Na última sexta-feira 23, no entanto, o Mercado Livre recebeu a tabela contendo os novos preços a serem praticados. Na média, o aumento foi de 29%.
“Se analisarmos qualquer critério macroeconômico, não chega nem perto desses valores”, diz Leandro Soares, diretor da área de Mercado Envios. “E foi algo sem negociação, imposto pelos Correios.” Em 2017, a inflação no Brasil fechou em 2,95%, menor do que o piso da meta do Banco Central.
Esse aumento vai fazer o frete brasileiro se isolar na primeira opção como o mais caro da América Latina, mostra um levantamento da empresa.
O Mercado Livre afirma que as entregas no Brasil ficarão 42% mais caras do que na Argentina e 160% superiores às vistas no México. Quando comparado ao mercado colombiano, a distância será ainda maior: 282%.
Segundo a nova política de preços dos Correios, os valores de frete de um estado para outro vão aumentar. Logo, moradores fora dos grandes centros sentirão a mudança no bolso – assim como os vendedores que subsidiam parte ou totalmente o frete.
De acordo com o Mercado Livre, um frete de um produto de São Paulo para Joinville, por exemplo, subirá de R$ 40 para R$ 57.
Áreas de risco
Outro fator que chama a atenção é a cobrança extra dos Correios para locais que são classificados como áreas de risco. Lembra do Rio de Janeiro? Então, por conta da crise econômica e de segurança na região, cada pacote terá um acréscimo de R$ 3 no frete total.
“Em nenhum lugar que trabalhamos existe essa taxa”, diz o executivo. “Se o local é de difícil acesso, há um aumento de prazo, mas não de valor.”
A ofensiva do Mercado Livre é compreensível. Os Correios tratam-se do principal parceiro logístico da companhia. Somente na operação brasileira plataforma são 110 mil famílias vendendo diretamente, fora as companhias parceiras que usam a área de marketplace da companhia.
Além disso, desde o ano passado, o Mercado Livre vem investindo alto em promoções de fretes grátis. A estratégia vai em linha com o crescimento de marketplaces concorrentes e a chegada de gigantes no Brasil, como a Amazon. Caso o aumento vá para frente, haja subsídio.
“De qualquer forma, vamos continuar com políticas que façam o frete o mais barato possível buscando uma democratização do comércio eletrônico”, diz Soares. “Isso faz parte da nossa estratégia.”
Segundo com o relatório Webshoppers, publicado pela consultoria Ebit, 25,5 milhões brasileiros fizeram pelo menos uma compra pela internet no primeiro semestre do ano passado, 10,5% de crescimento em comparação ao mesmo período de 2016.
No ano passado, os Correios também descontinuaram a modalidade e-Sedex, que fornecia entregas rápidas com preços mais atrativos para o e-commerce. Procurado, os Correios não deram retorno até a publicação desta reportagem.
(Por NoVarejo – ) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Mercado Livre, Correio