A Visa quer ser conhecida por ser mais que uma empresa de cartões. Ela almeja conquistar tanto quem ainda usa dinheiro como principal meio de pagamento quanto clientes que esperam mais tecnologia.

Essas novidades são desenvolvidas nos laboratórios de inovação da Visa espalhados pelo mundo, inclusive em São Paulo. Além do time da própria Visa, a empresa cria novos produtos com a ajuda de startups e aceleradoras.

Para a empresa, o Brasil é um país complexo. Cerca de 65% dos pagamentos ainda são realizados em dinheiro, mas há uma parcela da população que prefere usar o celular ou uma pulseira eletrônica para pagar com mais comodidade.

A empresa tem duas inovações mundiais que podem ser expandidas no mercado brasileiro. Apesar das diferenças regionais, uma inovação criada em um país pode ser facilmente adaptada a outro, diz TS Anil, diretor global de produtos da Visa, em entrevista ao site EXAME. As duas ocorrem sem o uso de cartões plásticos de crédito ou débito.

Sem perceber

Uma das tecnologias globais testadas no Brasil é a “contactless”, sem contato. Para realizar um pagamento, é só encostar um aparelho na máquina de cartões com tecnologia NFC. Pode ser um celular, pulseira, relógio, anel ou qualquer meio inteligente com um chip de cartão.

A ideia vem de serviços como o Uber, em que o consumidor não percebe o pagamento acontecendo. “Quando há inovação no mercado, o consumidor passa a esperar uma experiência melhor em todos os serviços”, afirmou Anil. O produto é usado em países como Austrália e Singapura e na Europa Ocidental, diz.

No Brasil, a Visa testou o produto na Olimpíada 2016, com uma pulseira para pagamentos criada em parceria com o Bradesco.

Este ano, ela lançou uma pulseira para pagamentos em parceria com a fintech Trigg, concorrente do Nubank. A “band” de silicone elástico é à prova d’água e contém um cartão de crédito.

Assim como uma pessoa simplesmente sai do carro do motorista particular sem precisar abrir a carteira, a Visa quer trazer essa experiência para outras áreas, como restaurantes. Ela firmou uma parceria com a Restorando, site de reservas.

Ao fazer uma reserva em um restaurante pelo site, o consumidor pode optar pelo Visa Check Out, carteira virtual, como forma de pagamento. Assim, quando terminar sua refeição, o cliente não precisa mais esperar o garçom chegar com a conta: é só pagar pelo aplicativo e pronto.

Essas duas tecnologias já estão funcionando no Brasil, mas com abrangência ainda limitada.

Pagamento pelo código

Outra tecnologia global é a de QR Code, já usada em 15 países. Um celular lê o código impresso e realiza o pagamento pelo próprio aparelho.

Um dos países pioneiros é a Índia. Mesmo que grande parte da população seja correntista de algum banco, apenas 7% a 8% dos pagamentos no país são feitos por meios eletrônicos, diz o diretor. “Em certas regiões, lojistas nunca aceitaram pagamentos digitais, apenas em dinheiro. Agora eles conseguem aceitar”, afirmou ele.

Segundo o diretor de produtos, é uma tecnologia simples e de baixo custo, voltada para países e regiões com pouco investimento da indústria bancária tradicional. A tecnologia de QR Code também pode ser usada para fazer compras pela televisão, escaneando o código na tela, por exemplo.

A Visa trabalha com outras bandeiras para padronizar os formatos de QR Code no mundo, para facilitar esse meio de pagamento –33 bancos e mais de 328.000 estabelecimentos comerciais da Índia, Quênia e Nigéria já adotaram os padrõese trabalham com a tecnologia.

O Brasil tem uma aceitação alta de meios digitais e máquinas de cartão em comparação a outros países em desenvolvimento, de acordo com TS Anil. Mesmo assim, apenas 35% do volume de pagamentos é digital.

O diretor afirma que um dos objetivos da Visa no Brasil é expandir a aceitação em setores que ainda usam dinheiro, boletos ou cheques, como consultórios médicos e escolas.

“Esse é um momento muito bom para o mercado de pagamentos. As transações por meios mobile estão decolando e a tecnologia evolui rapidamente”, afirma o diretor.

(Por Exame – Karin Salomão) varejo, retail lab, núcleo de varejo, ESPM