Pode uma companhia contratar uma tecnologia inovadora e dispendiosa enquanto reduz custos agressivamente? Francesco Tinto, diretor de tecnologia da Kraft Heinz, diz que sim, se você investir na tecnologia certa. As ferramentas com inteligência artificial, afirma, podem identificar onde há desperdício, ineficiências e áreas maduras para cortar a produção, mexer na cadeia de suprimentos, nas vendas e até mesmo nos próprios departamentos de TI. Da mesma forma, os robôs podem ser usados para aumentar as eficiências no processo de produção, disse ele.

“Nós levamos apenas essas duas tecnologias, mas vamos muito a fundo com elas”, afirmou ele durante conferência anual da indústria de tecnologia do Gartner, nessa terça-feira (3/10). “Essa é a nossa aposta.” Tinto tornou-se diretor global de tecnologia da Kraft Heinz há dois anos. Anteriormente, ele era gerente sênior de TI da Kraft por mais de uma década.

A Kraft Heinz é dirigida por executivos da brasileira 3G Capital Partners, conhecida por eliminar agressivamente custos de negócios em crescimento lento. Em agosto, a companhia informou que sua receita caiu 1,7%, para US$ 6,668 bilhões no mundo, enquanto as vendas nos EUA caíram 1,2%.
Mudança de hábitos

A Kraft Heinz não é a única empresa de alimentos que luta em meio a mudanças nos gostos e hábitos dos consumidores. A Kellogg disse no mês passado que as vendas trimestrais caíram 2,5%, para US$ 3,19 bilhões, incluindo uma queda de 2% na América do Norte.

Orçamento zero

Para reduzir os custos e aumentar os lucros, a Kraft Heinz estabeleceu uma estratégia estrita de redução de custos, baseada no orçamento base zero. Isso exige que os chefes de departamento justifiquem todas as despesas para cada novo período, o que significa que cada função ou projeto é continuamente reavaliado por necessidade e custos, à medida que novos orçamentos são eliminados para o próximo ciclo.

“O orçamento base zero pode tornar difíceis investimentos em projetos sem resultados de curto prazo, especialmente na área de tecnologia”, disse Tinto. Mas também estimula mais disciplina e foco, acrescentou.

Tinto disse que no ano passado concentrou os gastos com inteligência artificial e robótica, duas áreas que, segundo ele, podem provar seu valor, identificando ineficiências em toda a empresa e automatizando processos quando apropriado. A tecnologia também ajuda a empresa a desenvolver novos produtos e serviços geradores de receita, disse ele.

A Kraft Heinz está trabalhando com inteligência artificial em todas as áreas: começando com vendas e marketing, e mais recentemente na cadeia de suprimentos e fabricação, para identificar ineficiências e otimizar o desempenho.

Em vez de trabalhar com cinco ou seis variáveis nesses processos, “a inteligência artificial pode lidar com 20 variáveis para conseguir a otimização”, disse ele.
Da mesma forma, a companhia está testando a robótica e a automação em todas as áreas de produção, visando encontrar um processo que seja melhor ? e mais barato ? manipulado por robôs.

O apertado orçamento obrigou a empresa a priorizar os gastos de TI, e se desfazer de sistemas que não eram mais necessários, segundo ele. “O negócio como costumava ser não existe mais”, afirmou Tinto.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM