Grandes varejistas chegaram a discutir a mudança na data do “Black Friday” este ano e, sem uma unidade em torno do assunto, estão em conversas para alterar o mês do evento em 2018. Há um visível incômodo, por parte das redes, por conta dos efeitos negativos dessas vendas nas margens das companhias, apurou o Valor.

As conversas chegaram a ocorrer em comitês do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) e entre associações setoriais para uma alteração ainda neste ano. Em 2018, o evento promocional deve migrar de novembro para o fim de agosto ou início de outubro, período sem datas comemorativas relevantes e mais distante do Natal.

Desta forma, a nova data não afetaria as compras de dezembro, que nos últimos anos têm sido antecipadas para a última semana de novembro, quando ocorre a “Black Friday” no Brasil. Este é um dos objetivos principais da alteração no calendário: evitar o esvaziamento do Natal.

Quando chegou ao país, há sete anos, a data ajudou a elevar as vendas em novembro, um mês com demanda mais fraca. Percebe-se que, agora, não só o Natal acabou se enfraquecendo como, com a crise, cresceu a caça às ofertas de produtos, muitas vezes, com rentabilidades baixas.

Já haverá, neste ano, um esforço das cadeias líderes de mercado em reduzir o volume de itens em oferta. Continuará a ser feito muito “barulho” em torno da data, diz um executivo do setor, com ações promocionais na TV e nos sites, mas o total de itens ofertados deve cair em relação à “Black Friday” de 2016. O Google estimou alta de 15% a 20% nas vendas da edição deste ano – em 2016, a alta foi de 17%.

Há três semanas, a mudança da data ainda este ano voltou a ser cogitada numa das reuniões dos comitês do IDV, mas houve uma oposição ao avanço do debate – em parte, porque as estratégias para o evento promocional já estão montadas.

O Valor apurou que redes como Renner, Grupo Pão de Açúcar e O Boticário já eram favoráveis a uma mudança neste ano. Representantes da indústria de eletrônicos e de eletrodomésticos defenderam a manutenção desta edição do evento em novembro mesmo.

“No fim, quem tem que definir o preço e as condições ao consumidor, como pagamento de frete, é o varejo. No dia do evento, se o nível de agressividade dos concorrentes é grande, é a loja que decide se reduz seu ganho e faz a venda para não perder cliente. A indústria não tem perda, porque já fechou a venda para a loja em determinadas condições”, diz uma fonte que acompanha o assunto.

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM