O juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, determinou que um perito judicial apresente “com urgência” uma metodologia de venda da marca Mesbla, antiga loja de departamentos fundada no Centro do Rio no início do século passado e que faliu em 1999. A marca hoje pertence à Mesbla S/A, do empresário Ricardo Mansur, que controlava a Mesbla Lojas de Departamentos (MLD), empresa que teve a falência decretada.

O juiz, no entanto, não tem o poder de determinar a venda da marca. A decisão tornada pública ontem tem como objetivo, segundo fontes, dar garantia a um eventual comprador do nome, já que o dinheiro da venda será usado para um segundo rateio entre os credores da MLD. Essa alocação dos recursos para pagamento dos credores evitaria o risco de que o comprador seja responsabilizado no futuro pelo passivo trabalhista da MLD. O segundo rateio foi determinado na decisão do juiz Viana.

O primeiro rateio entre os credores, em 2014, teve os recursos destinados aos ex-funcionários que tinham até o limite de 150 salários mínimos a receber e foi obtido com cerca de R$ 8 milhões de uma conta do Mappin, loja de departamentos paulista que também pertencia a Mansur e que, assim como a Mesbla, faliu.

Uma fonte explicou à reportagem que não há data para a apresentação dessa metodologia, que costuma demorar no mínimo 15 dias em processos desse tipo. O perito também terá que ratificar o quadro geral de credores.

Em 2014, 1.494 ex-funcionários da Mesbla receberam parte dos créditos trabalhistas, que somavam R$ 19,1 milhões. Na época, ao menos dois interessados estrangeiros na marca Mesbla procuraram a empresa para tentar estruturar um projeto de vendas pela internet, mas as conversas não avançaram. As fontes ouvidas pelo Valor disseram não ter conhecimento sobre eventuais interessados atualmente no nome da companhia, que no auge chegou a ter 180 pontos de venda em todo o país e 28 mil funcionários.

A origem da Mesbla é de 1912, quando chegou ao Brasil como uma filial da Mestre & Blatgé. Em 1916 passou a ser administrada por Louis La Saigne, que era subgerente da empresa francesa, na Argentina. Oito anos depois tornou-se autônoma, com o nome de Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé. Em 1939 recebeu o nome de Mesbla, misturando as primeiras sílabas dos nomes do controlador inicial.

O grupo também atuava na venda de veículos, móveis e controlava uma financeira, mas na década de 80 passou a sofrer com a concorrência mais acirrada no varejo. O pedido de concordata veio em 1997. O controle acionário foi comprado no mesmo ano por Mansur, já dono do Mappin. A intenção era unir as duas redes. A polêmica administração, no entanto, levou à liquidação da Mesbla.

(Por Eletrolar.com) varejo, retail lab, núcleo de varejo, ESPM