O Banco Central confirmou a expectativa do mercado e cortou, nesta quarta-feira (26), a taxa básica da economia em um ponto percentual, para 9,25% ao ano. Foi o sétimo corte seguido da Selic. A decisão foi por unanimidade.

No comunicado, o Copom indicou que o atual ritmo de cortes será mantido na próxima reunião se as condições econômicas permanecerem as mesmas.

“Para a próxima reunião, a manutenção deste ritmo dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo”, disse o comitê.

“O comitê entende que a evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia (principalmente das fiscais e creditícias) é importante para a queda das estimativas da taxa de juros estrutural. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo.”

A reforma creditícia é uma referência à TLP (Taxa de Longo Prazo), que balizará os empréstimos do BNDES em substituição à TLJP e que foi criticada pelo atual presidente do banco, Paulo Rabello de Castro.

O BC indicou que o aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas “impactou negativamente índices de confiança dos agentes econômicos”. Para o comitê, no entanto, o impacto da queda na atividade tem sido “limitado” até o momento.

Na reunião anterior, em maio, em meio à delação da JBS envolvendo o presidente Michel Temer, o Copom havia falado em “redução moderada”, ou seja, abaixo de um ponto percentual, dos cortes na taxa básica.

A autoridade monetária amenizou o discurso algumas semanas depois, ao divulgar seu relatório trimestral de inflação no mês passado.

Além de reduzir sua expectativa de variação de preços neste ano de 4% para 3,8%, o BC se referiu à ata da reunião passada afirmando que uma redução menor “deveria se mostrar adequada”.

A mudança do tempo verbal foi encarada por parte do mercado como um recuo em relação ao tom anterior.

“O Copom dizia que, dado o aumento da incerteza, era possível que o ritmo fosse reduzido”, disse o economista José Marcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos. “Mas se notou que a delação não gerou efeito inflacionário significativo.”

PREÇOS

O afrouxamento monetário ocorre em um cenário de inflação abaixo do centro da meta do governo, de 4,5% ao ano.

Para o Banco Central, a trajetória da inflação permanece favorável, “inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”.

“Até o momento, os efeitos de curto prazo do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia não se mostram inflacionários nem desinflacionários”, indica a nota.

Em junho, país teve deflação pela primeira vez em 11 anos. O índice IPCA recuou 0,23% no mês passado e, em 12 meses, acumula avanço de 3%.

A redução acelerada da inflação ocorre principalmente por causa da crise econômica e do desemprego, que desestimulam o consumo. Também é fruto de uma melhora significativa nas safras agrícolas.

Segundo o Boletim Focus, que reúne estimativas de economistas e instituições financeiras ouvidos pelo Banco Central, a inflação deve encerrar o ano em 3,33%.

A queda de juros pode ajudar a reanimar a economia brasileira, após o indicador que mede atividade econômica frustrar a expectativa e cair 0,51% em maio.

Na comparação com maio de 2016, o índice apresentou variação positiva de 0,04%, enquanto no acumulado em 12 meses houve recuo de 2,22%, sempre em números dessazonalizados.

Foi o segundo resultado negativo no ano para o indicador, que incorpora projeções para a produção nos setores de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos. A outra retração foi vista em março.

A expectativa do Focus é que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresça 0,34% neste ano. A projeção é que a taxa de juros encerre 2017 a 8%.

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM