A rede Farmácias Pague Menos abriu nesta semana sua milésima loja no Brasil, mantendo plano de expansão que deve contar com mais de 600 lojas no país nos próximos quatro anos apesar da fraqueza da economia e em meio à ferrenha competição por espaço de vendas ante as rivais RD e DPSP.

A Pague Menos, que recebeu em 2015 aporte de 440 milhões de reais da norte-americana General Atlantic, é a terceira maior rede de varejo farmacêutico do país e deve investir este ano 120 milhões de reais na abertura de 188 lojas, dais quais 74 foram abertas até o final de junho.

A milésima loja da rede foi aberta na terça-feira, na cidade de Paulo Afonso (BA), divisa com o Estado de Alagoas.

“O Brasil está saindo da crise. Estamos nos estruturando agora para nos beneficiarmos da retomada da economia”, disse o presidente da Pague Menos, Mário Queirós.

Segundo ele, o investimento na abertura de cada loja gira em torno de 700 mil a 800 mil reais, o que deve implicar em dispêndios de cerca de mais 400 milhões de reais até 2021, quando a rede da companhia com presença em todos os Estados do país atingirá 1.600 lojas. Como comparação, a maior rede do setor no país, a RD, fechou março com 1.457 lojas.

A empresa teve alta de 21,2 por cento no faturamento do ano passado, para 5,8 bilhões de reais, “mas para este ano vai ser menos, embora acima da média do setor”, disse Queirós, estimando que o setor cresceu 9 por cento no primeiro semestre deste ano.

Parte da expansão do ano passado foi motivada pelo reajuste autorizado pelo governo de cerca de 12 por cento nos preços praticados pelo setor sobre medicamentos, algo que ficou abaixo de 5 por cento neste ano.

Segundo ele, a Pague Menos manterá foco no crescimento orgânico apesar da crise econômica que pesa mais sobre redes menores e independentes. Parte da preferência da empresa por construir novas lojas em vez de comprá-las de rivais é o custo e o modelo de negócios da companhia.

“Comprar sai caro, é um múltiplo acima de 10 vezes Ebitda ante um múltiplo de construção de quatro vezes”, disse Queirós, referindo-se à sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

O executivo comentou que o Brasil tem cerca de 70 mil farmácias e as maiores empresas do setor possuem pouco menos de 10 por cento desse total. “As grandes redes ainda têm muito o que consolidar… mas são poucas as redes no Brasil hoje que valeria a pena para a gente adquirir”, disse Queirós.

Ele citou como uma das dificuldades em se encontrar alvos de aquisição o formato trabalhado pela Pague Menos, que utiliza lojas com média de 250 metros quadrados ante média do setor de 170.

Questionado sobre como a companhia está avaliando oportunidades para uma abertura de capital em bolsa de valores, Queirós afirmou que a Pague Menos tem “pretensões de realizar IPO, mas 2017 não é o melhor momento, 2018 também não e muito provavelmente 2019 também não”.

A avaliação é diversa de uma série de companhias brasileiras que estão buscando o lançamento de ofertas de ações nos próximos meses como forma de reequilibrar suas estruturas de capital e prepararem ciclo futuro de expansão.

Na indústria do varejo, por exemplo, na próxima semana o Carrefour Brasil deve precificar seu IPO, em uma operação que pode movimentar entre 4,5 bilhões a 5,6 bilhões de reais e ser a maior do tipo no país em mais de quatro anos.

A cautela sobre o momento adequado para o IPO da Pague Menos decorre do clima de instabilidade política deste ano, somado às incertezas geradas pelas eleições em 2018 e seus efeitos para 2019, avaliou o executivo.

(Por Exame) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM