Cerca de 20% do valor movimentado pelas maiores varejistas virtuais do mercado brasileiro, a B2W (dona de Americanas.com, Submarino e Shoptime) e a Via Varejo (Casas Bahia, Extra e PontoFrio), já são resultado de produtos oferecidos e entregues por outras companhias.

No modelo, conhecido como marketplace, produtos de diferentes vendedores dividem espaço em uma mesma plataforma virtual.

No site Submarino, por exemplo, é possível encontrar itens vendidos pela própria loja, mas a maioria dos produtos expostos ali é oferecida por terceiros.

As companhias donas das plataformas de marketplace ficam com uma comissão (que, em geral, é de 15%) por venda de produto de outras empresas.

As vantagens de quem abre esse espaço para terceiros são um aumento praticamente ilimitado da quantidade de produtos que se pode oferecer, de um lado, e a redução de custos de estocagem, capital de giro e envio de mercadorias, de outro.

Nas lojas virtuais da Via Varejo, 200 mil dos produtos são vendidos pelo próprio grupo, enquanto o site da empresa expõe 2 milhões de itens, a maior parte de propriedade de outros 3.500 lojistas.

A B2W terminou o terceiro trimestre de 2016 com 4.400 vendedores diferentes mostrando suas ofertas no site.

Esses parceiros adicionam 1,5 milhão de produtos ao catálogo da empresa.

Alexei Pfeiffer Pimenta, gerente comercial de marketplace da Via Varejo, diz que o modelo cria interações inusitadas entre varejistas, fornecedores e rivais.

“Meu concorrente pode vender produtos em meu marketplace. Posso ser cliente de uma indústria, comprando dela meu próprio estoque e revender, e ela expor o mesmo item diretamente ao cliente no meu marketplace.”

Peso

As vendas feitas por terceiros vêm ganhando espaço nos resultados dessas companhias. Na Via Varejo, elas passaram de 12% do valor movimentado no terceiro trimestre de 2015 para 21,3% no mesmo período de 2016.

Também no terceiro trimestre, o marketplace da B2W gerou R$ 571 milhões em vendas, 19% de todo o valor movimentado pela companhia (crescimento de 117% em comparação com o mesmo período do ano anterior).

Seguindo a tendência, A Netshoes, de produtos esportivos, e o Magazine Luiza tornaram seus sites marketplaces no ano passado. Em 2015, a varejista de moda Dafiti fez o mesmo movimento.

Malte Horeyseck, sócio-fundador da Dafiti, diz que o marketplace permite à companhia ampliar o número de produtos destinados a nichos, enquanto a empresa deve seguir como a responsável pela venda dos produtos com maior giro.

“Em geral, 80% das vendas são geradas por 20% dos produtos. Chega um ponto em que ampliar o catálogo fica difícil. Os parceiros nos ajudam a fazer isso sem muito risco”, afirma Horeyseck.

No Mercado Livre, pioneiro no segmento de marketplace no Brasil e que atua apenas com itens de terceiros, o número de anúncios saltou de 17 milhões em setembro de 2015 para 40 milhões em outubro de 2016, diz Helisson Lemos, presidente da empresa para o Brasil.

A companhia teve receita líquida no Brasil de US$ 131 milhões no terceiro trimestre, um crescimento de 76%.

Lemos diz acreditar que há uma tendência de os marketplaces concentrarem a maior parte das vendas da internet. “Queremos mudar o hábito do brasileiro para comprar tudo em um lugar só. É como, em vez de visitar sete lojas de rua, fazer todas as compras em um shopping.”

Consumidor

O fato de um produto ser entregue por empresa diferente da dona do site onde a compra é fechada não exime nenhuma das empresas em caso de algum problema na compra, diz Fátima Lemos, assessora técnica do Procon-SP.

Segundo ela, quem usa sua plataforma para oferecer produtos de terceiros está chancelando a oferta da outra empresa, o que cria responsabilidade em caso de atraso no envio ou de recebimento de produto danificado.

Segundo ela, quanto menos clara é a identificação de que a venda é feita por um parceiro, maior a responsabilidade da plataforma de marketplace por solucionar problemas. “Muitas vezes o consumidor nem sequer sabe direito de quem está comprando.”

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM