Abilio Diniz espera que neste último trimestre o País consiga sair da recessão, que está em seu segundo ano e já acumula 12 milhões de pessoas sem emprego. “Em 2017 vamos ter crescimento, ainda que modesto para nossas necessidades.” O governo Temer, em sua opinião, está no caminho certo, “atraindo investidores para projetos de infraestrutura”.

Em abril, Abilio participou de um evento promovido por Harvard e o MIT (Massachusetts Institute of Technology), universidades conceituadas nos Estados Unidos, para falar sobre o Brasil. Antes dele, falou Rodrigo Janot, procurador-geral da República. “Ele colocou claramente. Todos esses eventos, em qualquer país, tem começo, meio e fim. É natural que um dia a Lava-Jato termine. A gente tem que ter a sabedoria e a inteligência para saber o momento de terminar”, diz. “Estamos vivendo um processo pelo qual o Brasil tem que passar. Tem momentos de um pouco mais de tensão? Tem. Mas precisamos passar por isso”, afirma Abilio Diniz.

Mas, segundo o executivo, a velocidade da retomada da economia vai depender da aprovação de reformas estruturais no Congresso, como a PEC do Teto, que limita os gastos da União. “Não permitir que se gaste mais do que a [variação da] inflação, colocar um teto nisso: essa mesma ideia, que o governo tenta aprovar agora no Congresso, eu disse para a [presidente] Dilma”, diz Abilio. E o que a presidente achou?

“Ela achou ótimo. Sempre achava ótimo o que eu falava, mas, depois, pouca coisa acontecia. Ela não conseguia implementar”, diz. Ele lembra que Dilma chegou “cheia de vontade” e criou uma câmara de gestão da qual ele participava. “Mas, no fim, o governo não deu certo. E, se não deu certo, foi melhor acabar. Você conversa com qualquer pessoa e não tem nenhuma que não diga que não está melhor do que em março e abril. Ainda não está bom, mas está melhor do que estava”, diz. “Tínhamos 38 ministérios. Não pode. O ideal é 6 a 12 subordinados diretos. Como pode ter 38? Com o modelo de gestão arcaico que temos, não há como administrar.”

Quando instado a analisar as razões do fracasso da política econômica do governo Dilma, que chegou ao Planalto pelas mãos de Luiz Inácio Lula da Silva, Abilio responde que não lhe compete fazer tal avaliação, mas lembra que, quando percebeu que as coisas não estavam dando certo, decidiu recuar, sair de cena. “Muito faz quem não atrapalha.”

Para quem o critica, dizendo que ele é do tipo “si hay gobierno, soy a favor”, Abilio responde: “Meu partido não é contra ou pró-impeachment. Meu partido é pró-Brasil”.

“Eu estou vendo no Temer e na sua equipe uma extraordinária vontade de fazer coisas. Ele me parece absolutamente autêntico quando diz que não está preocupado com eleição. Ele diz: ‘Vou fazer o que precisa ser feito, sendo popular ou impopular’. Isso nos dá certo otimismo”, diz.

Abilio conta que apoiou o ex-presidente Lula pelo que ele fez ao País. “Crescimento com distribuição de renda. Eu sempre defendi isso.” Lula, observa o empresário, “tirou mais de 30 milhões de pessoas da linha da pobreza e deu a elas uma vida minimamente razoável. E isso me marcou”. Dá uma pausa e complementa: “Claro, teve erros, coisas discutíveis. Mas melhorou a vida [das pessoas]”, conclui Abilio.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM