O conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar autorizou ontem a diretoria da empresa a iniciar um processo de “avaliação de alternativas estratégicas envolvendo o seu investimento na Via Varejo “, informou na noite de ontem a companhia, em fato relevante ao mercado. Entre essas hipóteses a serem analisadas está a venda da Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, apurou o Valor.
Segundo a nota, a busca por alternativas “alinha-se com a estratégia da administração de continuar priorizando o desenvolvimento do negócio alimentar, principal atividade [do GPA]”. Tendo em vista a dificuldade de controlar a informação, o GPA decidiu comunicar o mercado. A ação da Via Varejo subiu ontem 3,25%.
A ideia do controlador do GPA, o grupo francês Casino, é focar recursos e esforços no negócio alimentar, considerado, já há algum tempo, prioridade estratégica para o acionista, segundo fonte. Cerca de 80% do investimento do GPA nos últimos quatro anos foi na área alimentar (Extra, Pão de Açúcar e Assaí). Segundo uma fonte, o plano do Casino de integrar Cnova Brasil (sites das redes) e a Via Varejo já teria relação com plano de venda de todo o negócio.
Uma eventual venda da operação de varejo eletroeletrônico ocorreria por meio de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA), o que daria direito de “tag along” aos minoritários, obrigando que uma oferta nas mesmas condições seja feita aos demais acionistas. Há informações no mercado de que uma oferta na faixa de R$ 13 a R$ 14 pelo papel seria considerado razoável pelos controladores pela Via Varejo, ação ontem fechou em R$ 8,89. A Via Varejo teve R$ 13 bilhões em receita líquida de janeiro a setembro (queda de 4,7%) e tem 970 lojas.
Segundo uma fonte, houve sondagem preliminar ao Casino por parte do grupo alemão Steinhoff, interessado na operação. Mas as conversas ainda estariam numa fase inicial. O Valor havia antecipado, há cerca de duas semanas, que o atual presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, teria sido procurado pelo grupo alemão. A empresa negou. O GPA tem 43,3% do capital da Via Varejo. Naouri nunca foi um grande interessado na operação de bens duráveis, considerando o baixo retorno do negócio.
Ontem, Naouri e Michael Klein, acionista da Via Varejo e fundador da Casas Bahia, com 27,3% do capital da empresa, estiveram reunidos na sede do Casino e trataram do assunto. Klein tem interesse em sair da operação de Via Varejo, caso uma oferta de compra seja feita.
Até o momento, o banco contratado pelo GPA para analisar e negociar alternativas é o Santander. Michael Klein contratou o Bradesco seu como assessor financeiro.
Ainda existirias outras alternativas, como a venda de uma das bandeiras da Via Varejo que levaria também a entrada de capital no GPA. O plano do Casino é usar parte dos recursos oriundos de uma venda da Via Varejo para reinvestir no negócio alimentar.
(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM