Os acionistas da empresa britânica SABMiller aprovaram nesta quarta-feira (28) a venda da empresa para a Anheuser Busch InBev, de capital belga e brasileiro e dona da Ambev, removendo o último obstáculo para a criação da líder mundial do setor de cervejas, em uma das maiores fusões da história.

Em comunicado divulgado em Londres, a SABMiller anunciou que os acionistas aprovaram a venda por £ 45 por ação, o que eleva o valor da aquisição para £ 79 bilhões (US$ 104 bilhões). O negócio criará uma gigante que reunirá marcas populares como Corona, Stella Artois, Leffe, Budweiser, Fosters’s e Coors.

A nova empresa também será proprietária das cervejas Peroni, Coors, Skol, Antartica, Beck’s, Leffe, Hoegaarden, Quilmes, Victoria, Atlas, Arequipeña, Grolsch, Miller, Pilsen, entre outras.

Atualmente, as duas companhias produzem em conjunto quase 60 bilhões de litros por ano, três vezes mais que a terceira companhia do setor, a holandesa Heineken, e vendem uma em cada três cervejas no mundo.

A fusão se tornará efetiva em 10 de outubro. Um dia depois, as ações da empresa terão sua cotação principal na Bolsa de Bruxelas, com cotações secundárias em Johannesburgo, local de origem da SABMiller, e no México.

Pouco depois, a empresa vai começar um processo de venda das marcas europeias da SABMiller, avaliadas em € 7 bilhões.

Alguns minutos antes do anúncio dos acionistas da empresa britânica, os acionistas da compradora AB Inbev haviam aprovado a operação em Bruxelas.

“Celebramos que o voto dos nossos acionistas nos permitirá superar mais uma etapa para reagrupar nossas empresas, nossas equipes, nosso forte legado e nossa paixão pela elaboração da cerveja”, afirmou em comunicado o presidente-executivo da AB InBev, o brasileiro Carlos Brito.

Após a concretização do negócio, gestores da AB Inbev assumirão todos, com exceção de um, dos 19 cargos mais importantes da empresa.

 

CUSTOS

A AB InBev é conhecida por seus cortes de custos e controle centralizado, o que alguns analistas afirmam ser difícil impor sobre todos os nichos do negócio da SAB, com suas joint ventures e fatias acionárias em mercados como Turquia e África.

Na estimativa da companhia, o negócio permitirá que a AB InBev reduza em até US$ 1,4 bilhão seus custos anuais, a partir do quarto ano posterior à transação.

A economia será gerada primordialmente por pesadas demissões na SABMiller, que planeja reduzir em 3% sua força de trabalho combinada, ou cerca de 5.500 pessoas, enquanto a AB InBev reforçará seu controle sobre o mercado latino-americano e estenderá seu alcance à África, por meio da transação.

A nova empresa continuará a ser baseada em sua cidade natal de Leuven, Bélgica, enquanto as operações serão administradas em Nova York.

A união envolverá pagamentos de US$ 2 bilhões em honorários de consultores e impostos, para completar a terceira maior tomada de controle acionário na história.

A operação prevê ainda um pagamento de US$ 3 bilhões pela AB InBev à SABMiller se autoridades ou seus próprios acionistas não aprovarem a aquisição.

HISTÓRIA LATINO-AMERICANA

A nova empresa reúne dois ex-alunos de Harvard e dois homens que estão entre os empresários mais poderosos da América Latina e do mundo, o brasileiro Jorge Paulo Lemann e o colombiano Alejandro Santo Domingo, proprietários de duas marcas populares de cerveja no continente, Brahma e Bavaria.

“Onde a SABMiller é forte, sobretudo na Colômbia e nos países ao redor, a AB InBev não está implantada em absoluto. E onde a AB InBev é forte, como Brasil, México e a parte sul da América Latina, a presença da SABMiller é anedótica. Assim, agora conseguem uma presença forte em todos mercados fortes da cerveja”, explica Jeremy Cunnington, analista do mercado de bebidas alcoólicas na Euromonitor International.

Os Santo Domingo são proprietários da cerveja Bavaria e de 14% da SABMiller. Em meados dos anos 1990, receberam uma proposta de compra da popular marca colombiana pela brasileira Brahma, que não foi concretizada.

O proprietário da Brahma era Jorge Paulo Lemann, que atualmente é o principal acionista da AB InBev com sua empresa 3G.

A AB InBev tem 150 mil funcionários em 26 países, enquanto a SABMiller tem quase 70 mil trabalhadores em mais de 80 países.

 

RAIO-X AB INBEV/1º TRIMESTRE DE 2016

Faturamento
US$ 9,4 bilhões

Lucro
US$ 132 milhões

Número de funcionários
150 mil

Principais marcas
Budweiser, Skol, Stella Artois, Corona, Brahma, Antarctica, Leffe, Quilmes

Principais concorrentes
Heineken e Carlsberg

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