A Visa deu mais um passo para acabar com o cartão de crédito físico. A empresa inaugura nesta quinta-feira seu primeiro centro de inovação no Brasil, localizado em sua sede na capital paulista. O foco é o desenvolvimento de novos métodos de pagamento digital a partir de parcerias com startups, empresas e desenvolvedores.
“O centro de inovação muda a forma como dialogamos com nossos desenvolvedores e clientes”, falou a EXAME.com Érico Fileno, diretor executivo de produtos da Visa no Brasil. “Ele amplia a atuação da empresa e desenvolve inovações de uma forma mais rápida.”
A ideia é que a parceria com startups traga inovação a pagamentos digitais. “Queremos mudar a imagem de que um produto foi ‘feito pela Visa’ para ‘habilitado pela Visa’”, falou a EXAME.com Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da Visa no Brasil.
Neste momento, o foco da Visa é em duas tecnologias que podem mudar o mercado de pagamentos digitais: biometria e internet das coisas.
“A internet das coisas vai transformar a maneira como a sociedade faz e recebe pagamentos”, diz Jatobá. “Não teremos conexão com uma máquina, mas com várias máquinas ao mesmo tempo.” Segundo uma pesquisa da empresa, 50 bilhões de máquinas estarão interconectadas em 2020.
Para o executivo, essas mudanças não assustam. Ele explica que a Visa passou por um momento de educar o mercado na transição do cartão de tarja para o chip (com o qual se usa uma senha eletrônica). “Naquela época, fizemos um projeto de aculturamento do comércio. Com pagamentos móveis, teremos que fazer esse processo novamente.”
Para que tudo isso fosse possível, no entanto, uma mudança iniciada no começo deste ano foi crucial: a permissão para que desenvolvedores externos acessem os sistemas da Visa. “Apenas com a abertura dos nossos sistemas conseguiremos criar novas tecnologias”, falou a EXAME.com José María Ayuso, vice-presidente de produtos da Visa na América Latina.
Uber dos pagamentos
Pelo programa Visa Developer, a empresa já concede acessos a 11 APIs (sigla para interfaces de programa de aplicação), que permitem a comunicação entre sistemas da Visa e externos. Kits de desenvolvimento de software também foram disponibilizados.
Essa estratégia, diz Ayuso, faz parte da “uberização” do mercado. O termo é uma alusão ao Uber, que não criou sistemas de mapeamento, pagamento ou comunicação. Em vez disso, usou APIs abertas para viabilizar o serviço.
O espaço em São Paulo não é o primeiro do tipo. Outros estão em cidades como Dubai, São Francisco e Londres. Aqui, fica localizado dentro da própria sede da empresa. O espaço tem clima mais descontraído do que o restante da empresa. Produtos como relógios, pulseiras e anéis de pagamentos ficam disponíveis para testes.
Ayuso diz que o Brasil foi uma escolha fácil. “O país comporta mais da metade do volume de negócios da Visa na América Latina. De todas as transações de e-commerce feitas na América Latina, 60% são feitas aqui.” Outro fator que pesou foi o fato de que os bancos brasileiros inovam rápido.
Neste início, a Visa fechou uma parceria com a Farm, aceleradora de startups. “Afinal, a Visa também já foi uma startup e se tornou uma grande empresa devido ao pensamento disruptivo de um indivíduo, o nosso fundador”, diz Jatobá.
Centros como esse podem ajudar a acabar com os cartões físicos. Mas é um plano para longo prazo. “Talvez, no futuro, as pessoas não utilizem mais o cartão de crédito físico. Mas não acredito que a minha geração ou ainda a próxima irá descarta-lo”, diz Ayuso.
(Por Exame) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM