O primeiro semestre de 2016 foi preocupante para o comércio atacadista do Estado de São Paulo: cerca de 7.803 vagas de emprego foram eliminadas, resultado de 85.659 admissões e 93.462 desligamentos, aponta a Pesquisa de Emprego no Comércio Atacadista do Estado de São Paulo (PESP Atacado), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados do Ministério do Trabalho.

Esse foi o maior saldo negativo já registrado para um primeiro semestre desde 2007, também superior ao visto no mesmo período de 2015, quando foram extintos 6.379 postos de trabalho.

Segundo a entidade, o setor atacadista registra o 10º mês consecutivo de eliminação de empregos com carteira assinada. Em junho, foram fechados 1.199 postos formais no atacado paulista, saldo de 14.164 funcionários admitidos e 15.363 desligados. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 3,7% no estoque total que atingiu 491.613 trabalhadores ativos em junho – o menor número desde setembro de 2012, quando o setor empregava 489.592 pessoas no regime celetista.

Entre as dez atividades pesquisadas em junho, apenas o segmento de produtos farmacêuticos e higiene pessoal (0,4%) apresentou crescimento no estoque de empregos na comparação com o mesmo mês de 2015 – um setor de presença recorrente na vida do consumidor. Os piores desempenhos foram vistos em eletrônicos e equipamentos de uso pessoal (-9,1%); tecidos, vestuário e calçados (-7,1%) e máquinas de uso comercial e industrial (-7%).

Na visão da FecomercioSP, a queda nas receitas das vendas do varejo e o quadro praticamente inalterado das condições atuais da economia, mais precisamente do consumo das famílias, impactaram diretamente o setor atacadista no primeiro semestre do ano. Assim, chama a atenção para dois pontos: houve desaceleração do saldo negativo do setor no comparativo anual, o que permitiu melhora na variação negativa da contraposição do estoque ativo de trabalhadores do setor, para -3,7% ante os 3,9% observados em maio; e tanto no atacado como no varejo, apenas o segmento farmacêutico apresentou geração de vagas, seja em junho, no semestre ou no acumulado dos doze meses.

A Federação conclui que, assim como no varejo, a melhoria das expectativas, aliada à inflação futura mais baixa e que dá espaço para queda de juros, pode aos poucos reaquecer o consumo, as vendas, os investimentos e a geração de empregos. É um movimento que começa nas famílias, passa pelo varejo e atinge o atacado. A entidade lembra, porém, que esse é um processo lento, dependente de expectativas melhores e mais consolidadas e da própria política econômica governamental, já que tal caminho passa diretamente pela confiança dos agentes na capacidade da equipe econômica em trazer estabilidade macroeconômica e crescimento.

(Por NoVarejo – Raisa Covre) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM