A rede de supermercados Carrefour vai anunciar nesta quinta-feira, 25, um compromisso com o desmatamento zero da Amazônia.

Pelo acordo, alinhavado com a ONG ambientalista Greenpeace, a empresa afirma que vai monitorar sua rede de fornecedores de carne a fim de bloquear a compra de fazendeiros que tenham colocado gado em área que teve a floresta cortada.

O boicote é a qualquer tipo de desmatamento, ilegal e legal.

Com o anúncio, as três maiores redes varejistas de alimentos do Brasil (Pão de Açúcar e WallMart assumiram compromisso semelhante nos últimos meses) passam a trabalhar com políticas de não vender carne proveniente de áreas desmatadas – com uma estimativa de atingir um público consumidor de 3 milhões de pessoas por dia.

As iniciativas reforçam um acordo firmado em 2009 entre o Ministério Público Federal, produtores de gado da Amazônia e os três maiores frigoríficos do Brasil (JBS, Marfrig e Minerva) com este mesmo objetivo.

Historicamente, a abertura de novas áreas para a colocação de pasto foi e ainda é o principal motor do desmatamento da Amazônia.

Pesquisa realizada por pesquisadores independentes do Brasil e dos Estados Unidos em 2015 mostrou que este acordo de sete anos atrás foi uma política importante para ajudar a conter esse processo.

Paralelamente, o Greenpeace fez uma consulta aos sete maiores supermercados do País – efetivamente onde a maioria das pessoas compra carne – para verificar se eles tinham alguma política para a aquisição da carne e se essa política continha mecanismos para garantir que o produto vendido estava livre de desmatamento, trabalho escravo e violação dos direitos indígenas.

O relatório “Carne ao Molho Madeira”, lançado em novembro do ano passado, concluiu que nenhuma das redes (as três citadas e também Cencosud, Grupo Pereira-Comper, Grupo DB e Yamada) atendeu à maioria dos critérios levantados.

Segundo Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Carrefour, a rede tinha, desde 2010, um compromisso com o desmatamento legal zero, quando foram identificados os fornecedores de carne em todo o País e foi suspensa a compra daqueles localizados em áreas mais críticas de desmatamento. Mas não chegou a ser criado um sistema de monitoramento.

É isso que está sendo implementado a partir desta quinta. Pianez afirma que hoje a rede tem no total 22 fornecedores de carne, sendo sete deles na Amazônia.

“Nós vamos mapear todas as fazendas que fornecem para o frigorífico, traçando um polígono que abrange a propriedade e seu entorno. Esse polígono vai, depois, ser cruzado com a base de dados do Prodes (sistema de monitoramento do desmatamento da Amazônia feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe). Se esse cruzamento sinalizar que pode haver um problema, vamos até a fazenda. Se detectarmos algo, suspendemos a compra até regularizar, podendo suspender o frigorífico”, disse com exclusividade ao jornal O Estado de S. Paulo.

Pianez reconhece, porém, que essa metodologia ainda não evita os vazamentos ou lavagens, uma vez que não permite um rastreamento completo, como ocorre com os alimentos vendidos no Carrefour com o selo “Garantia de Origem”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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