O grupo francês Casino, dono do Pão de Açúcar, está revendo suas estratégias no Brasil. Depois de um 2015 turbulento – resultado da queda do consumo por conta da recessão, desvalorização do real e descobertas de fraude na CNova, braço de comércio eletrônico da companhia –, o controlador da varejista Jean-Charles Naouri resolveu tomar medidas mais drásticas para tirar a companhia do “inferno astral” que se arrastou até o primeiro trimestre deste ano.
Depois de conseguir reduzir parte de seu pesado endividamento (que chegou a atingir € 6,1 bilhões em 2015) com a venda de dois ativos na Ásia este ano por € 4 bilhões, o desafio da multinacional agora é desatar o nó de sua complexa estrutura societária e melhorar os resultados do Brasil, seu segundo principal mercado, atrás da França.
As apostas, segundo fontes, são de que o Casino possa reunir seus ativos na América Latina em uma única empresa nos próximos meses. Nesse processo, não está descartado que o grupo comece a comprar ações de suas empresas listadas na região, acelerando o processo de fechamento de capital de algumas de suas subsidiárias.
Além da CNova, que já oficializou o fechamento de capital na Nasdaq, menos de um ano depois de ser listada na bolsa americana (ver matéria ao lado), fontes afirmam que esse mesmo movimento poderá ser feito na Éxito, varejista da Colômbia, e no próprio Pão de Açúcar, cujas ações se desvalorizaram 57,4% somente no ano passado, apurou o Estado.
Uma pessoa próxima à companhia não descarta que o Casino recompre ações de suas empresas listadas e afirma que há um comitê formado para pensar os negócios do grupo na América Latina. Essa fonte, contudo, não informa se as subsidiárias de varejo do grupo – Éxito, na Colômbia; GPA e Via Varejo, no Brasil; além de negócios na Argentina e Uruguai – seriam reunidas em uma única companhia. Procurado, o GPA nega que irá fechar o capital.
O fato é que o Casino é um dos grupos com mais empresas listadas em diferentes mercados: além do Casino, na França, as ações da CNova ainda são negociadas nos EUA, as do Éxito na Colômbia, e as de GPA e Via Varejo no Brasil. Os ativos asiáticos, vendidos no início do ano, estavam listados nas bolsas locais: Tailândia e Vietnã. Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, Naouri disse que “uma das prioridades do grupo é a simplificação de sua estrutura societária complexa” Após essa declaração, o mercado passou a especular o que poderia ser essa simplificação.
No Brasil, a prioridade é retomar as vendas, que foram afetadas durante o ano passado e início deste ano. A bandeira Assaí, de atacarejo, continua impulsionando os negócios do grupo. Somente no primeiro trimestre, as vendas cresceram 36% e o total de lojas alcançou 97 unidades. A expectativa é abrir 12 lojas Assaí por ano. O GPA intensificou as reformas de seus hipermercados Extra. O grupo Carrefour, principal concorrente do Casino, tem tido um desempenho de venda melhor no País e se mantém líder em varejo alimentar. Desde o fim de 2014, o empresário brasileiro Abilio Diniz, ex-dono do Pão de Açúcar, tornou-se sócio do Carrefour. Abilio e Naouri, antigos sócios no GPA (o Casino entrou no Brasil em 1999 e comprou o controle do grupo), travaram acirrada disputa societária, que só foi encerrada em 2013, quando o brasileiro deixou o negócio, que foi fundado por seu pai em 1948.
(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM