O número 500 constou das planilhas de Mauricio de Sousa, 75, nos últimos meses. A edição 34 da Turma da Mônica Jovem foi impressa em 500 mil cópias, enquanto a revistinha Mônica comemorou sua 500ª edição.

Enquanto isso, nos EUA, os números para esse mercado são mais desanimadores. Em maio, nenhuma HQ vendeu mais de 100 mil cópias.

A diferença entre as situações está, para Sousa, em sua capacidade de se adaptar a novos contextos. Em 2008, por exemplo, ele envelheceu os personagens da turminha, apostando no mercado teen. O próximo passo será torná-los adultos.

Logo, não surpreende que o desenhista atenda o telefone e responda assim como tem passado: “trabalhando”.

“Se um livro vende 5.000 cópias, já é considerado best-seller”, diz Sousa à Folha. “Se vendemos 500 mil gibis, dizem tudo bem, acontece.”

O empresário faz parte de um mercado que, na última década, viveu a entrada de gibis japoneses, o surgimento de novas editoras e selos especializados e a consagração de artistas nacionais.

A falta de loas ao mercado, para ele, é um sinal de preconceito em relação aos gibis, tidos como entretenimento menor não por ele, que publica a gorducha, baixinha e dentuça desde os anos 60.

Nesse tempo, Sousa reuniu o que chama de arsenal: uma série de estratégias eficientes para vender gibis.

Um exemplo é a edição 34 da Turma da Mônica Jovem e o caso das 500 mil cópias.

“A editora me avisou que a revista tinha tido queda nas vendas em três edições seguidas”, afirma. “Falei ´Não por isso! Vamos fazer o Cebolinha e a Mônica namorarem’.”

A tática fez as vendas saltarem em 100 mil exemplares, com a capa que já se tornou histórica, mostrando o beijo dos dois personagens.

O fato de Sousa ser uma figura central tanto nos negócios como na parte artística da empresa ajuda na tomada de decisões rápidas, como a do namoro entre Cebolinha e Mônica. Nos EUA, “às vezes, as escolhas têm de ser feitas por muitas cabeças”, diz.

Afinal, no modelo norte-americano de gibis de super-heróis o direito sobre os personagens nem sempre é do criador, e sim da editora.

A Mauricio de Sousa Produções maior estúdio de quadrinhos da América Latina tem 200 artistas, faz parceria com 110 empresas e publica gibis em 12 editoras. Produz cerca de 1.200 páginas mensalmente.

Não é exagero chamar a empresa de império. Os negócios de Sousa se espalham por mais de 50 países e incluem desenhos animados a espetáculos circenses.

Uma seara na qual ele ainda receia entrar é a dos meios digitais. “Temos feito experiências com iPad. Mas, nessa área, quero entrar onde houver menos pedrinhas.”

Por outro lado, Sousa tem mirado a área educacional e tenta entrar no mercado de livros didáticos. Mas ainda não conseguiu que o governo adote seu material. “Se demorar muito, vou lançar eu mesmo e colocar nas bancas.”

(Por Folha.com) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo