A crise econômica e o aumento da carga tributária impuseram uma queda de 8,6% ao setor de higiene e beleza em 2015, após duas décadas de crescimento, mas as líderes continuaram a ampliar sua participação de mercado no Brasil. A fatia conjunta das sete maiores empresas avançou de 60,8% em 2014 para 62,2% no ano passado.

A líder do setor, Unilever, o grupo Boticário, P&G, L’Oréal e Colgate expandiram suas presenças, enquanto Natura e Avon tiveram ligeira perda de participação. As grandes companhias aproveitaram seu poder de negociação com fornecedores, a estrutura de distribuição e até o câmbio – no caso das multinacionais – para ampliar a presença no varejo.

O faturamento da indústria de beleza e cuidados pessoais no Brasil atingiu R$ 100,66 bilhões em 2015, segundo dados da consultoria Euromonitor Internacional. Juntas, as sete maiores companhias responderam por 62,2% do mercado em 2015, alta de 1,4 ponto percentual sobre o ano anterior.

As empresas de grande porte conseguem lidar melhor com o aumento de tributação no setor, em comparação a companhias menores e menos estruturadas, pois são capazes de sustentar uma base maior de impostos sem afetar profundamente a receita, diz Luiz Vieira, sócio da Strategy&, consultoria que integra a PwC.

A capilaridade e a estrutura de inovação eficiente – com mais previsibilidade de retorno – também favoreceram as grandes. “A empresa pequena não tem volume suficiente para pedir a ampliação no prazo de pagamento ao fornecedor, ao contrário, e sofre pressão de toda a cadeia, porque abrir espaço nas prateleiras é caríssimo”, afirma João Carlos Basílio, presidente da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos). Segundo ele, parte das empresas menores está abrindo mão de atuar em alguns Estados do País, pela dificuldade de atender à mudanças tributárias como as novas alíquotas de ICMS em vigor desde abril deste ano.

“As grandes empresas têm a chance de aumentar a participação de mercado porque conseguem entregar seus produtos pontualmente ao varejo e às franquias, que querem um estoque cada vez menor, mas sem risco de faltar mercadoria. Os pequenos acabam tendo uma incidência menor nas prateleiras porque o custo de distribuição é alto”, diz Basílio.

“A crise traz dois aspectos: como sobreviver e como encontrar um novo espaço em que a empresa é competitiva. O setor de higiene vai passar por mudanças estruturais e as empresas terão de encontrar novas formas de posicionar os negócios”, conclui Vieira, da Strategy&.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM