O comércio eletrônico vem se sobressaindo no varejo de livros. Se há alguns anos o canal era visto com desconfiança pelas grandes livrarias, hoje ele já foi totalmente incorporado aos negócios e parece ser um dos motores principais do setor. Na livraria Saraiva, por exemplo, a venda on-line já responde por 32% da receita.

“O hábito de comprar pela internet vem crescendo em todos os segmentos, e não é diferente com os livros. Eles foram um dos precursores no e-commerce, e a tendência é que esse canal ganhe cada vez mais força nos próximos anos”, diz a diretora da editora Peirópolis e ex-presidente da Liga Brasileira de Editoras (Libre), Renata Borges.

De acordo com a executiva, a praticidade de se comprar on-line, e a maior oferta de produtos, são fatores que tem impulsionado o crescimento – além da questão do preço, que em geral é menor nesse canal. “É muito provável que o leitor não encontre tudo que ele quer na loja física. No on-line há uma abundância muito maior de produtos disponíveis”, diz a especialista.

n1

O consumidor brasileiro tem percebido essas vantagens e a compra de livros através do comércio eletrônico já representa uma boa fatia do segmento. Segundo a pesquisa Webshoppers, da E-bit/Buscapé, a categoria livros foi a quinta com o maior volume de vendas no ano passado, responsável por 9% do total do e-commerce.

Na Livraria Saraiva, uma das maiores redes do Brasil, o crescimento do comércio eletrônico é visível. A participação desse segmento nas vendas brutas da empresa cresceu de 29%, no primeiro trimestre do ano passado, para 32%, no mesmo período deste ano. Em relação às vendas neste trimestre foi o e-commerce quem puxou para cima o resultado, apresentando uma expansão de 2,9% na receita líquida. As lojas físicas, por sua vez, tiveram alta de apenas 0,5%.

O crescimento na participação desse canal de vendas foi percebido também na livraria Disal, especializada em livros didáticos. Segundo o dono da empresa, Renato Guazzelli, o comércio digital já representa cerca de 7% das vendas totais. Há dois anos esse valor ficava na casa dos 2%.

Além da loja on-line da livraria, a empresa trabalha também com a comercialização via marketplaces, como a B2W, e com a criação de hotsites específicos para determinados clientes. O empresário conta que recentemente eles fecharam uma parceria com a Cultura Inglesa, e criaram um hotsite voltado apenas aos alunos da escola, para vender os livros usados nas aulas de inglês. “Essa ação deu ótimos resultados, já que é muito mais fácil para os pais e alunos comprarem os livros dessa forma”, afirma Guazzelli.

Outra realidade do setor, e que vem apresentando crescimento nos últimos tempos, são as vendas de e-books.

Apesar dos livros digitais roubarem uma fatia de mercado das livrarias, elas não enxergam na plataforma um concorrente. O gerente da área comercial da Livraria Cultura, Rodrigo de Castro, afirma que as vendas de e-books estabilizaram atualmente, entre 1,5% e 2% das vendas totais do setor. “Entendemos a venda dos e-books como complementar e não substituta ao livro físico. Observamos uma convivência completamente harmônica entre as duas plataformas”, afirma o executivo.

Em franco crescimento

Os resultados do e-commerce de livros Estante Virtual, que comercializa produtos de mais de mil livrarias e sebos, é uma boa amostra da força do canal nesse segmento. Mesmo em meio à crise, a empresa diz ter crescido 20% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2015, a expansão foi de 15%, na comparação interanual. A expectativa para este ano é crescer 30%.

Apesar dos números animadores, a empresa não está ilesa aos efeitos da recessão. “Nossa margem de lucro está muito mais apertada. O custo da operação vem aumentando em função do aumento do dólar e do aumento da carga tributária”, diz a gerente de marketing da empresa, Érica Cardoso.

Para garantir essa expansão a loja tem aumentado o investimento em marketing, além de apostar em fortes promoções. A executiva conta que em abril eles realizaram uma campanha de frete grátis e que teve a adesão de 60% dos vendedores, o que garantiu o sucesso.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM