Chegou a hora de as classes mais ricas beberem água paraguaia. O produto entrou neste ano pela primeira vez na lista das importações brasileiras, no lugar das mais caras – francesas e italianas. É um dos reflexos da crise, que, depois de afetar o bolso dos consumidores de baixa renda e forçá-los a reduzir o consumo de vários itens na alimentação diária, agora também faz as classes alta e média alta pisarem no freio.

Perdem espaço, por exemplo, alimentos provenientes da Europa, e avançam os de países sul-americanos. Essa troca da procedência dos mercados é espelhada nos números de importações dos quatro primeiros meses deste ano da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Perda de renda, incertezas na economia e dólar elevado influenciam na decisão de compra do consumidor.

Cerveja mexicana

Além das águas argentinas e paraguaias, que ocupam mercado das europeias, a cerveja estrangeira, cada vez mais presente nas prateleiras de supermercados brasileiros, também registra queda nas importações.

O país trouxe 15 milhões de litros neste ano, 12% menos do que no primeiro quadrimestre de 2015.

Essa queda só não foi maior porque os brasileiros trocaram as cervejas da Holanda e da Alemanha, cuja compra despencou 45%, pelas do México e da Argentina.

As importações brasileiras do México aumentaram 37% no ano, somando 43 milhões de litros. Já as argentinas tiveram alta de 180% na quantidade: 2,8 milhões de litros.

As Cervejas da Holanda e da Alemanha chegaram ao país a US$ 1,18 por litro, em média. A mexicana e a Argentina, a US$ 036.

Uísque de Dubai

O uisque procedente do Reino Unido despenca e cede lugar a exportadores até então ausentes no Brasil, como Emirados Árabes, Bahamas e África do Sul.

Os números da Secex indicam também acentuada desaceleração nas compras de importados tradicionais, como panetones, chocolates, vinhos, champanhes e queijos.

Azeite

Um deles é do azeite de oliva, cujas importações giravam em 30 mil toneladas até 2007. Há dois anos, a indústria europeia de azeite estava em festa com as importações anuais de 75 mil toneladas desse produto pelo Brasil. Pelo menos 88% do volume saía de países da União Europeia.

Nos quatro primeiros meses deste ano, as importações brasileira de azeite de oliva recuaram para 14,1 mil toneladas, 39% menos do que em igual período anterior.

O país não importava tão pouco azeite nesse período desde 2009. Queda nas importações brasileiras e russas, dois países que despontavam na economia mundial, auxiliou no recuo de 25% nos preços recebidos pelos produtores de azeite.

A Itália, por exemplo, enviou 49% menos azeite de oliva para o Brasil neste primeiro quadrimestre. Já Argentina e Uruguai elevaram o volume de vendas.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM