Em março de 2016, na série com ajuste sazonal, o comércio varejista nacional registrou recuos de 0,9% no volume de vendas e de -0,4% na receita nominal. Quanto à média móvel trimestral, o volume de vendas mantém trajetória negativa (-0,6%), enquanto a receita nominal volta a apresentar variação positiva de 0,4%.

Na série sem ajuste sazonal, em relação a março de 2015, o volume de vendas do varejo recuou 5,7%, 12ª taxa negativa seguida nessa comparação. No ano, o varejo acumulou redução de 7,0%. O acumulado dos últimos 12 meses (-5,8%) registrou a perda mais intensa da série histórica, iniciada em dezembro de 2001, e manteve a trajetória descendente desde julho de 2014 (4,3%). Para receita nominal as taxas são positivas: 6,2% frente a março de 2015, 4,7% no acumulado no ano e 3,1% no acumulado nos últimos 12 meses.

O comércio varejista ampliado (varejo e mais as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção), também voltou a registrar variação negativa para o volume de vendas sobre o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal (-1,1%), após avanço em fevereiro (1,4%). Para receita nominal, o decréscimo em março de 2016 em relação a fevereiro foi de -0,8%. No confronto com março de 2015, o recuo foi de 7,9% para o volume de vendas e variação positiva de 0,6% para receita nominal. As taxas acumuladas para o volume de vendas foram de -9,4% no ano e de -9,6% nos últimos 12 meses, enquanto para receita nominal as taxas ficaram em -0,7% e -2,2%, respectivamente.

A publicação completa da pesquisa pode ser acessada aqui.

Seis das oito atividades pesquisadas apresentam variação negativa

O decréscimo do volume de vendas (-0,9%) registrado na passagem de fevereiro para março de 2016 também foi observado em seis das oito atividades investigadas no comércio varejista, com destaque para a influência do segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que registrou recuo de 1,7% em março após avanço de 0,8% em fevereiro, seguido por móveis e eletrodomésticos (-1,1% em março após 6,1% em fevereiro) e combustíveis e lubrificantes (-1,2% em março após 0,3% em fevereiro), atividades que também fazem o mesmo movimento em março.

Os demais setores que registraram queda no volume de vendas frente ao mês anterior, já contabilizam a terceira taxa negativa consecutiva no ano: tecidos, vestuário e calçados (-3,6%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%).

Por outro lado, as atividades que mostraram aumento do volume de vendas entre fevereiro e março foram:equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%).

Para essa mesma comparação, considerando o comércio varejista ampliado, o recuo foi de -1,1% frente a fevereiro, com os setores de veículos e motos, partes e peças e de material de construção voltando a registrar variações negativas de -0,5% e -0,3%, respectivamente.

Na comparação com igual mês do ano anterior, o volume de vendas recuou 5,7% no comércio varejista. Por ordem de contribuição à taxa global, os resultados foram os seguintes: móveis e eletrodomésticos, com perda de 13,8%, seguido por outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,9%); tecidos, vestuário e calçados(-14,1%), combustíveis e lubrificantes (-10,1%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,9%); livros, jornais, revistas e papelaria (-16,2%). Único segmento com desempenho no campo positivo foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 2,0% de crescimento frente a março de 2015.

A atividade de móveis e eletrodomésticos, com variação de -13,8% no volume de vendas em relação a março do ano passado, exerceu o maior impacto negativo na formação da taxa do varejo e registrou a 12ª taxa negativa consecutiva para essa comparação. No acumulado de janeiro a março e nos últimos 12 meses, as taxas foram: -17,0% e -16,6%, respectivamente. Tal comportamento pode ser atribuído a menor de oferta de crédito e elevação da taxa de juros às famílias.

O setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, joalherias, artigos esportivos e brinquedos, com queda de 11,9% frente a março de 2015, registrou a segunda maior contribuição negativa na formação da taxa do volume de vendas, sendo esse o oitavo mês seguido de taxas negativas nesse tipo de comparação. Esse comportamento reflete o atual quadro econômico, principalmente no que se refere a perda do poder aquisitivo das famílias, evidenciado pela redução na massa real de salários. Para os três primeiros meses do ano a variação acumulada foi de -12,8%, e para os últimos 12 meses de -6,0%.

O segmento de combustíveis e lubrificantes reduziu em 10,1% o volume de vendas em relação a março de 2015, respondendo pela terceira maior contribuição negativa à taxa global do varejo. As perdas de 9,5% acumulada no trimestre janeiro-março e de -7,5% nos últimos 12 meses refletem o comportamento dos preços do subitem combustíveis, que evoluíram acima da média geral, segundo o IPCA.

A atividade de tecidos, vestuário e calçados também foi responsável pela terceira maior participação negativa na composição do índice geral do varejo, com variação de -14,1% em relação a igual mês do ano anterior, -12,9% no acumulado no ano e -10,6% para os últimos 12 meses. Mesmo com os preços do subitem vestuário se posicionando abaixo do índice geral de inflação , segundo o IPCA, esta atividade vem apresentando desempenho inferior à média geral do comércio varejista.

O segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 1,2% no volume de vendas em março de 2016 sobre igual mês do ano anterior, exerceu a quarta contribuição negativa na formação da taxa global do comércio varejista. Em termos de resultados acumulados, a atividade apresentou variação no ano de -2,8% e nos últimos 12 meses de -2,9%. Além da pressão dos preços de alimentação no domicílio, que se encontram acima da média geral, este desempenho negativo foi influenciado pelo menor poder de compra da população.

O setor de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com redução de 8,9% no volume de vendas na comparação com março de 2015, registrou a quinta maior participação negativa na formação da taxa global do varejo. Os resultados em termos acumulados, variações de -16,8% no ano e de -9,9% nos últimos 12 meses, podem ser explicados pela evolução dos preços de microcomputadores, importante produto que compõe a atividade.

O comércio de livros, jornais, revistas e papelaria, que não exerceu, praticamente, impacto na formação do resultado global, registrou variação no volume de vendas de -16,2% sobre março de 2015, taxas acumuladas no ano de -14,9% e de -13,2% nos últimos 12 meses. A trajetória declinante desta atividade vem sendo influenciada, no que tange a jornais e revistas, por certa substituição dos produtos impressos pelos de meio eletrônico.

O segmento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, único com desempenho positivo em março de 2016, apresentou taxa de 2,0% frente a março 2015, taxas acumuladas no ano e nos últimos 12 meses de 2,4% e 2,3%, respectivamente. O desempenho setorial favorável desta atividade pode ser atribuído, especialmente, ao caráter de uso essencial de seus produtos e à variação de preços de medicamentos abaixo do índice geral.

O comércio varejista ampliado registrou na relação março de 2016/março de 2015, para o volume de vendas, variação de -7,9%, -9,4% para a taxa acumulada no ano e, em 12 meses, de -9,6%. Este comportamento ocorre principalmente em função do desempenho negativo dos seus dois principais setores, veículos, motos, partes e peças e material de construção.

Em relação ao setor de veículos, motos, partes e peças, a queda de -11,1% na comparação com março de 2015 registrou a 25ª taxa negativa consecutiva, acumulando nos três primeiros meses do ano variação de -13,5% e, em 12 meses, de -17,6%. O segmento de material de construção, com variação de -14,6% frente a março de 2015, assinala a nona taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação, acumulando -14,7% no ano e -10,9% em 12 meses. A redução nas vendas nesses segmentos foram decorrentes, entre outros fatores, do menor ritmo na oferta de crédito e da restrição orçamentária das famílias, diante da diminuição real da massa de salários.

(Por IBGE) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM