Durante o Plano Real, no governo do ex-presidente Fernando Henrique  Cardoso, o frango virou sinônimo de ascensão social na mesa do  brasileiro. Na era Lula, com o aumento do poder aquisitivo, o iogurte  ganhou esse status nas ascendentes classes C e D. Mas nem tudo é para  sempre, revela uma recente pesquisa da empresa Nielsen, encomendada pela  Assoaciação Paulista de Supermercados (APAS), divulgada nesta  segunda-feira, 02.

Em um  trabalho apresentado para a abertura da 32ª Feira e Congresso  de Gestão Internacional em Supermercados APAS 2016, a diretora de varejo  da Nielsen, Daniela Spinha de Toledo, revela que o desemprego e a menor  renda estão mudando rapidamente o hábito dos brasileiros. “O iogurte,  por  exemplo, que era um item entre os dez mais consumidos há poucos  anos, agora já não está nessa lista”, diz a executiva.

Spinha mostra que o brasileiro médio está deixando o lazer de lado,  principalmente jantar fora. Além disso, os consumidores estão observando  mais promoções, retornando às tradicionais compras mensais em vez de  várias idas aos supermercados. Quem ganha com esse novo comportamento  são os chamados “atacarejo”, redes de atacado e varejo que não têm um  serviço tão sofisticado, mas preços melhores.

De acordo com dados apresentados pela Abras e a Associação Paulista  de Supermercados (Apas), houve uma queda real de 3,6% nas vendas do  setor de 2015 em relação a 2014. “Em 2016 nossa expectativa é de que a  queda gire em torno de 1,5% a 2% dada a conjuntura política e  econômica”, afirma o presidente da APAS, Pedro Celso. A projeção do  setor é de faturar em 2016 algo em torno de R$ 336 bilhões, sendo que  desse total São Paulo deve contribuir com R$ 99 bilhões.

Alimentação saudável

A pesquisa da Nielsen em parceria com a Kantar Worldpanel,  revela  que o brasileiro tem observado uma maior preocupação com sua saúde. De  acordo com o trabalho, 49% dos entrevistados estão substituindo aos  poucos refrigerantes por água de coco, e a margarina por manteiga. Um  dos destaques nesse sentido foi o consumo de leite, com queda de 6% para  os leites comuns, enquanto aqueles sem lactose subiram 78%.

“O consumidor está mais atento, exigente, e não quer abrir mão de  suas conquistas, particularmente os da classe C”, afirma Daniela Spinha.  Segundo ela, o segmento de cerveja reflete essa realidade, já que os  consumidores não abrem mão das cervejas premium. Como solução, diz ela,  procuram economizar adquirindo marcas mais acessíveis de produtos de  outras categorias, como as de limpeza.

Novas gerações

A pesquisa revelou ainda que 37% dos consumidores “Millennials”, ou  geração Y – com idade entre 26 e 30 anos – não pretendem economizar.  Trata-se de um grupo que tende a comprar mais por impulso e que prioriza  viver o momento. Os “Millenials” são os que impulsionam o comércio  eletrônico, por já estarem inseridos no contexto digital e compra  online, segundo a pesquisa.

De acordo com o levantamento, as vendas do varejo pelo canal  e-commerce devem crescer 43% em quatro anos, um salto de R$ 41,3 bilhões  em 2015 para R$ 59,8 bilhões em 2019, atingindo assim o tamanho do  canal tradicional de hoje.

“É importantíssimo estar preparado para a era digital, investir nesse  canal agora, mesmo com a crise que passará em algum momento.  E  quando  voltarmos a crescer, ter um canal eletrônico azeitado será um  diferencial em relação aos demais”, conclui Daniela Spinha de Toledo.

(Por Isto É Dinheiro) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM