O setor de shoppings centers deve enfrentar uma deteriorização do cenário econômico ao longo de 2016, o que deve resultar numa contração, em termos reais, das companhias, de acordo com estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Uma recuperação só é esperada para 2017, quando se aguarda uma dinâmica mais positiva no País.
A maioria dos entrevistados pela Abrasce, com 36,9% das respostas, acredita que suas respectivas empresas devem ter crescimento nominal de até 5% em 2016. Considerando a inflação de 7,08% estimada pelo IPCA no Relatório de Mercado Focus, mesmo no melhor cenário dentro desses termos, as empresas projetam uma queda real de 2,08% no ano.
Vale ressaltar ainda que os mais otimistas correspondem a quase metade do número de profissionais mais pessimistas. O crescimento nominal superior a 5% para as empresas é esperado por apenas 22,7% dos entrevistados, enquanto os outros 40,4% acreditam que o ano já será contração nominal.
As estimativas desanimadoras do setor condizem com as fracas expectativas para o cenário nacional. Conforme 44,5% dos entrevistados, o Brasil deve piorar até o final de 2016, enquanto 31,2% acreditam que as condições devem permanecer iguais. Apenas 24,3% esperam um cenário melhor ainda nesse ano.
Já para 2017, a expectativa sobre o cenário nacional começa a mudar. A grande maioria dos entrevistados, 64,9% projeta uma visão melhor sobre o Brasil, enquanto outros 11,4% ainda aguardam um contínuo enfraquecimento. Cerca de 17,3% acham que as condições se manterão as mesmas no ano que vem.
A pesquisa foi realizada com mais de 220 profissionais da indústria de shoppings, nos cargos de de gerencia a diretoria, no intervalo de 10 de março s 30 de março de 2016. Apesar de indicarem melhores perspectivas sobre o cenário em 2017, o estudo não trouxe estimativas para o resultado das companhias no ano que vem.
O presidente da Abrasce, Glauco Humai, afirmou que, embora seja mais resiliente que outro segmentos do varejo, o setor de shoppings também tem sido afetado pela crise econômica. Para Humai, é preciso estimular um debate sobre a gravidade da situação e as mudanças do País.
Com esse objetivo, a entidade sugeriu a adoção de ponto facultativo nos centros de compras no domingo da votação sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Para a votação no Senado, entretanto, o grupo ainda não decidiu se vai iniciar um esforço semelhante.
“Queremos mostrar que se os shoppings, que são os grande defensores do comércio aos domingos, chegam a cogitar ponto facultativo para os lojistas é porque a crise está muito grave”, afirmou o dirigente. A entidade não se posiciona sobre o impeachment da presidente.
A pesquisa da Abrasce foi realizada antes da votação na Câmara, mas a maioria dos executivos do setor apontou que a presidente Dilma deve ter seu mandato interrompido antes do final. Cerca de 72,3% das entrevistas responderam que o impeachment deve acontecer, enquanto 17,3% disseram que o processo não deve ser concluído. Outros 10,4% afirmaram não saber como será encerrado o impeachment.
Entre os que acreditam na saída do atual governo, 70% acreditam que o governo melhorará em 2017, enquanto outros 10% esperam piora.
Humai afirmou que, por enquanto, buscará conversar com senadores para mostrar a opinião do grupo sobre a situação da economia e “o que o varejo precisa para voltar a crescer”. A Abrasce tem um escritório de representação em Brasília e Humai contou que o contato com o poder público, de diferentes âmbitos (municipal, estadual e federal), é frequente.
(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM