As atacadistas Roldão e Mega concluíram na semana passada acordo para a fusão das operações. Será criada uma empresa com faturamento previsto de R$ 3 bilhões em 2016 e estimativa de 31 lojas no Estado de São Paulo ao fim deste ano.
A nova companhia está negociando a compra de duas lojas de uma rede atacadista no interior de São Paulo – o anúncio deve ser feito nos próximos meses.
As negociações entre as duas redes paulistas se iniciaram em novembro, depois que os controladores da Mega Atacadista (também donos da cadeia de supermercados ABC) passaram a procurar parceiros. Pelo acordo assinado, a Roldão deve incorporar a Mega. A Roldão vai liquidar a dívida bancária dos donos da Mega cujo valor não foi informado.
Roldão diz que não está comprando a Mega. Informa que serão mantidas a equipe de gestão da Mega e que as duas marcas serão mantidas, separadamente. São quatro lojas da Mega Atacadista no interior de São Paulo – em Limeira, Rio Claro, Bauru e Marília. A rede Roldão tem 23 unidades no Estado de São Paulo.
A Mega é controlada pela família fundadora dos supermercados ABC, de Minas Gerais, os Martins Amaral. A receita bruta anual da rede ABC é cerca de R$ 700 milhões. Seu presidente é Valdemar Martins do Amaral. O negócio com Roldão não envolve a rede de supermercados da família.
Segundo Ricardo Roldão, presidente da Roldão, a busca por um parceiro faz parte de um plano de expansão por meio de fusões, que demandam menos recursos, portanto protegem caixa, e mantém o ritmo de crescimento da companhia. Desaceleração nas vendas do setor em 2015 e aumento das despesas operacionais têm afetado a linha final dos resultados do atacado e do varejo, diz o empresário, e a fusão surge como estratégia de reação a este momento. Ele nega que Mega Atacadista estivesse muito alavancada ou buscando sócios frente a uma situação operacional delicada. O comando da Mega não se pronunciou.
“Não sabemos quando os efeitos da crise passarão e não podemos lançar mão de caixa hoje. Teremos três anos muito difíceis pela frente, mas não queremos interromper o crescimento. Essa fusão foi fechada com muito pouco desembolso, basicamente dívidas da Mega Atacadista. Ideia é fechar negócios iguais a este, que ampliam a operação, mas protegem caixa”, disse Roldão ao Valor. “Não tem mercado para todo mundo, e se eu fosse para as áreas onde a Mega Atacadista está, seria mais um para brigar por espaço num setor que cresce menos. Não faz sentido”. O setor teve queda real nas vendas de 8,8% até novembro, segundo Abad, associação do setor.
A Mega Atacadista terminou 2015 com receita bruta de R$ 200 milhões, e espera fechar neste ano com valor na faixa de R$ 320 milhões a R$ 350 milhões, o que exigiria expansão muito acelerada num ano de perda de vigor da taxa de expansão nas vendas no atacado. Setor também tem sentido pressão maior nas despesas (com mão de obra e tarifas públicas), o que tem afetado o lucro operacional. “Achamos que é possível chegar nos R$ 350 milhões implantando o nosso modelo de atacado na empresa”, diz ele.
As projeção da Roldão são de faturamento de R$ 3 bilhões neste ano, versus R$ 2,4 bilhões em 2015. Ao se incluir crescimento da empresa e quatro inaugurações previstas em 2016 da Roldão (cidade de Santos, Osasco e bairros de Cidade Dutra e Brasilândia), a receita iria a R$ 2,75 bilhões. Somando -se as lojas da Mega Atacadista, o montante pode atingir R$ 3 bilhões. Roldão cresceu 19% em receita líquida no ano passado, e 10% em vendas “mesmas lojas” (pontos em operação há mais de 12 meses).
(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM