Após ficarem semivazias por meses, as ruas tradicionais do comércio de São Paulo começam a ganhar mais movimento neste final de mês.
Isso não quer dizer que as lojas voltaram a ficar lotadas. Tanto que as placas de ‘aluga-se’ e ‘passo o ponto’ continuam proliferando até em bairros mais nobres da cidade.
O aumento no fluxo de clientes, que pode ser reflexo do pagamento da primeira parcela do 13º salário, deve ser visto como um alívio momentâneo para os comerciantes, a menos de um mês para o Natal.
A queda de vendas, na comparação com o ano passado, chega a dois dígitos, de acordo com vários indicadores do comércio. Nem a Black Friday ou a Week Friday, ações promocionais que levam o comércio a cortar os preços em até 80%, devem inverter este quadro.
De acordo os organizadores, as vendas durante a Black Friday atingiram R$ 1,5 bilhão, um valor acima das previsões iniciais. Diante disso, é possível imaginar um enfraquecimento no movimento até o Natal.
Tudo indica que as vendas, na melhor das hipóteses, devem cair entre 6% e 8% neste ano em relação a 2014, de acordo com estimativa de Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
O comércio depende de emprego e renda, dois indicadores nada positivos que tendem a piorar ainda mais.
A taxa de desemprego atingiu 7,9% em outubro -um salto em relação a outubro de 2014 (4,7%). E o rendimento médio do trabalhador caiu 5,1%, no período, de acordo com o IBGE.
Lojistas consultados nesta semana pelo Diário do Comércio até que se mostram mais animados do que há dois meses ou três meses durante o lançamento da coleção Primavera-Verão.
“Neste mês, as vendas melhoraram um pouco, mas ainda estão bem abaixo do que é comum para este período”, afirma Nelson Tranques, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) do Bom Retiro, com 160 associados.
Para ter uma pequena melhora nas vendas, as lojas estão intensificando as promoções de uma forma nunca antes vista no comércio de São Paulo, ainda mais numa época como esta, quando a demanda costuma ser mais alta.
“No passado, um produto ou outro entrava em oferta, agora é a coleção toda. As confecções estão utilizando muito as redes sociais e o WhatsApp para atrair os lojistas”, afirma Tranques.
Com 12 anos, a Consciência Jeans, confecção instalada no Brás, apelou para mimos à clientela. A empresa reformou os dois pontos de venda, colocou no meio da loja uma cadeira de massagem, café e serviço de transporte gratuito para os lojistas que chegam ao aeroporto.
“Todo o transporte da mercadoria agora é pago por nós. Quando o quarto está escuro, quem ascender o isqueiro vai ser visto”, diz Hadi Hamade, sócio proprietário da empresa.
Com essas ações e com a alta do dólar, que resultou na queda da importação de jeans, a empresa tem conseguido até vender neste final de ano mais do que em 2014.
A Dinho’s Jeans, outra confecção do Brás, ainda não conseguiu repetir o mesmo desempenho de 2014, mas também constatou uma melhora nas vendas a partir da última semana. Clientes da Bahia, Ceará, Piauí vieram para a loja atrás de bermudas, calças e camisas.
“Sábado passado (21/11) o movimento foi muito bom, o que está fazendo a gente acreditar um pouco mais numa melhora nas vendas. Na comparação com setembro, as vendas subiram 15%”, diz Fauze Yunes, sócio-proprietário da Dinho’s Jeans.
A Íntima Store, confecção de lingerie com duas lojas no Brás, também registrou melhora nas vendas neste mês, mas, ainda assim, está com faturamento menor do que no ano passado.
O tíquete médio da loja, que era da ordem de R$ 150, caiu para 135 neste ano. “Estamos trabalhando com descontos permanentes para não perder vendas”, afirma Jean Makdissi Jr, sócio-proprietário da Íntima Store.
Tradicionalmente, as vendas no comércio em dezembro aumentam entre 20% e 30% em relação a novembro. O que o comércio espera é um aumento de 15%.
(Por Diário do Comércio) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM