Grandes redes de varejo estão mais cautelosas com seus planos de investimento em novas lojas para o próximo ano e anunciaram redução das aberturas pela frente. A alta de custos e a incerteza sobre o comportamento dos consumidores têm feito as companhias segurarem projetos, o que também leva ao adiamento de inaugurações de shoppings.

Varejistas como Riachuelo, Magazine Luiza, Cia. Hering e Via Varejo devem abrir em 2016 menos lojas do que abriram este ano. Mesmo a Lojas Renner, que tem um plano para quase dobrar o número de lojas de sua principal marca em oito anos, falou em cautela para 2016, embora acredite que haverá oportunidades. A Riachuelo reduziu o plano de inaugurações, que era de 80 lojas para os anos de 2015 e 2016, para apenas 43. Assim, após a conclusão de 28 aberturas este ano, sobrarão apenas 15 para o ano que vem. Para o Magazine Luiza, que abre 30 lojas novas este ano, 2016 servirá para “tirar o pé” do acelerador, segundo o diretor superintendente, Marcelo Silva. Na Cia. Hering, expansão não será o foco para o próximo ano, disse o diretor de finanças e de relação com investidores da empresa, Frederico Oldani.

Mesmo sem dar números, a Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Pontofrio, afirmou que deve revisar o seu plano de abrir 210 lojas entre 2014 e 2016. “Estamos mais cautelosos, diante do ambiente desafiador”, disse o diretor de Relações com Investidores e Planejamento Estratégico, Marcelo Rizzi de Oliveira.

Os desafios nos planos de expansão são explicados pela combinação de aumento de custos com itens como energia, reformas e mão de obra, o que eleva a taxa de retorno necessária para que o investimento seja viável. Essa pressão ocorre justamente num momento em que há queda no tráfego de clientes nas lojas. O fluxo de pessoas no varejo registra retração de 6,1% no terceiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da empresa de monitoramento Virtual Gate.

Nos shoppings, essa equação envolve a busca de equilíbrio entre custos de aluguel e as vendas potenciais, algo desafiador em especial em centros de compras novos e com menor taxa de ocupação. Embora tenha dito que será preciso cautela diante da aceleração da economia brasileira, o presidente da Renner vê oportunidades mesmo em shoppings com ocupação menor. Em empreendimentos mais novos, pode acontecer de o aluguel cobrado ser um pouco reduzido para ajudar a atravessar o momento de dificuldade.

“Nos shoppings com vacância entre 30% a 40%, temos conseguido vendas dentro do orçado, o que mostra que esses shoppings podem representar uma oportunidade para nós”, declarou José Galló, da Renner. “Ainda assim, vamos ter que equilibrar essa oportunidade com uma cautela, é isso que vai definir o número de lojas para o ano que vem”, afirmou.

Adiamentos

A menor disposição dos varejistas em comprometer recursos para o próximo ano tem feito algumas companhias de shoppings adiarem lançamentos. A Iguatemi postergou a abertura de dois outlets. Um empreendimento em Santa Catarina foi adiado para outubro de 2017, frente previsão anterior de outubro de 2016, enquanto a abertura de outro em Nova Lima, em Minas Gerais, deve acontecer em 2019, na comparação com a expectativa anterior de outubro de 2017.

“Os lojistas têm a preocupação de passar o primeiro semestre de 2016 sem investimentos para entender como vai ser esse momento de ‘vale’ do Brasil, portanto estamos alterando algumas datas desses empreendimentos para que eles comecem os investimentos num momento mais interessante da economia”, disse o diretor presidente da companhia, Carlos Jereissati.

A BR Malls postergou de 2017 para 2018 a previsão de inauguração do Catuaí Shopping Cascavel e das expansões em outros dois empreendimentos, o NorteShopping e o Independência. “Os três casos têm especificidades, mas, dada a desaceleração da economia, não temos nenhuma pressa de acelerar os projetos”, afirmou o diretor presidente, Carlos Medeiros.

(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM