Muito frequentados por brasileiros que viajam para os Estados Unidos para fazer compras, os outlets estão ganhando espaço também aqui no Brasil. Existem, hoje, dez espaços desse tipo em funcionamento no país, sendo que sete deles foram inaugurados nos últimos quatro anos.

Atualmente, o dólar alto tem estimulado as vendas, pois muitos turistas estão adiando suas viagens ao exterior, e as lojas no país acabam sendo uma opção.

Os descontos prometidos são de até 80%. Para encontrá-los, porém, o consumidor precisa ter paciência para remexer prateleiras abarrotadas de peças e andar por corredores sem ar-condicionado.

O mais novo empreendimento desse tipo no país é o Outlet Premium Rio de Janeiro, inaugurado em Duque de Caxias (RJ) no último dia 22 de outubro. Ele pertence à General Shopping Brasil, que mantém espaços semelhantes em Itupeva (SP), Alexânia (GO) e Camaçari (BA).

Também em outubro, o Catarina Fashion Outlet, em São Roque (SP) foi ampliado e ganhou 16 novas lojas, passando a ter 105 no total. O outlet foi aberto há um ano e pertence à JHSF, dona do shopping center Cidade Jardim, em São Paulo.

Os outros outlets brasileiros estão em Campo Grande (RJ), Caucaia (CE), Novo Hamburgo (RS), Salvador (BA) e Taboão da Serra (SP). O levantamento é da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

Descontos estão no contrato dos lojistas

A marca que se instala no outlet precisa, geralmente, assinar um contrato em que se compromete a vender produtos mais baratos.

Os outlets são centros de compra em que as lojas vendem produtos com desconto. Funcionam como shopping centers: têm lojas de segmentos diversos e uma estrutura básica de serviços, com praça de alimentação e banheiros, por exemplo.

O custo de instalação de uma loja num empreendimento desse tipo é cerca de 70% menor, na comparação com o de um shopping center tradicional, diz Alexandre Dias, diretor-presidente da General Shopping Brasil, dona da rede Outlet Premium.

Segundo ele, isso acontece porque eles são espaços a céu aberto, beneficiados pela luz natural, sem central de ar-condicionado ou elevador.

Dólar alto ajudou a aumentar as vendas

O aumento da renda registrado há alguns anos, que permitiu que mais brasileiros viajassem para o exterior e conhecessem os outlets lá fora, foi um dos motivos para o aumento no investimento nesses centros comerciais aqui dentro.

“Os outlets oferecem a possibilidade de que uma compra que era feita fora do Brasil seja realizada aqui”, diz o superintendente do Catarina Fashion, Jorge Pauli Niubó.

Antes da ampliação, o empreendimento tinha 89 lojas, sendo 15 delas internacionais. Segundo Niubó, essas 15 lojas eram responsáveis por mais de um terço das vendas brutas do outlet.

Neste ano, a valorização do dólar também ajudou nos negócios. Até outubro, as vendas do Catarina Fashion foram 50% maiores do que o que era esperado pelos lojistas.

“Com a valorização do dólar, o brasileiro está viajando menos, e isso tem impacto nos nossos negócios. As pessoas estão direcionando parte da renda para o Brasil”, diz o diretor-presidente da unidade de shopping da JHSF, Christian Vasconcellos da Cunha.

Primeira tentativa não deu certo

O Brasil viveu uma primeira onda de outlets nos anos 1990. O Shopping D e o Market Place, em São Paulo, nasceram com esse conceito. Mas, com o passar dos anos, se tornaram centros comerciais comuns.

Como eles estavam localizados dentro da cidade, as lojas que se instalaram ali acabavam competindo com as lojas tradicionais das mesmas marcas.

Outro problema dos antigos outlets é que eles abrigavam muitas lojas de fábrica, em que eram vendidos produtos muitas vezes sem etiqueta, diz Luiz Alberto Marinho, sócio da consultoria GS&BW. “Não era o que o consumidor queria, que eram marcas conhecidas com preços acessíveis”, explica.

Marcas criam produtos específicos para outlets

Para Marinho, o momento agora é mais favorável, e o Brasil tem condições de abrigar um número maior de shoppings de desconto.

Ele diz que, com o aumento da quantidade de outlets no país, as marcas devem começar a produzir artigos específicos para serem vendidos nesses espaços. “Nos Estados Unidos, 82% dos produtos que estão nas lojas de outlets são produzidos para outlets. Agora, isso começa a ser possível aqui.”

As lojas Nike Factory, presentes nesses empreendimentos, têm justamente esse perfil. E mesmo marcas nacionais, como TNG (moda jovem), já têm linhas para outlet.

(Por UOL) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM