Com seus visores desajeitados e nomes como “Oculus” e “Morpheus”, a realidade virtual tem sido até o momento domínio de fãs dos jogos eletrônicos e outros tipos que gostam de estar entre os primeiros a adotar novas tecnologias de ponta. Agora, os varejistas estão buscando descobrir o potencial prometido com a imersão dos usuários em vídeo 3D vitual. A indústria tem até um termo novo para a venda por meio da realidade virtual: ‘v-commerce’.

Tommy Hilfiger se tornou o primeiro grande nome do varejo a fazer da realidade virtual um recurso de suas lojas esta semana, oferecendo aos consumidores uma viagem virtual ao desfile da coleção de outono da marca em Nova York, realizado este ano, por meio de um visor Samsung GearVR.

Os visores de realidade virtual, que a Tommy Hilfiger vai começar a alugar em sua loja nova-iorquina na Quinta Avenida, oferecem aos consumidores uma perspectiva tridimensional da primeira fila do público do desfile, na Park Avenue Armory.

Durante uma prévia do recurso, um repórter vestiu um visor GearVR e viu-se sentado a poucos metros das modelos, que desfilavam por uma passarela inspirada no futebol americano. Via-se acima o cavernoso teto da Armory; olhando ao redor, havia fileiras de convidados, quase possíveis de serem tocados.

Para capturar esta imagem em todas as direções, Tommy Hilfiger trabalhou com a startup holandesa WeMakeVR, que filmou o desfile usando uma câmera 3-D equipada com 14 lentes especiais. As lentes permitem que a câmera registre vídeo em 360 graus na horizontal e na vertical, sem pontos cegos.

O diretor executivo da Tommy Hilfiger, Daniel Grieder, disse que os visores de realidade virtual vão permitir que os consumidores assistam de perto um desfile, coisa que muitos deles jamais fariam, e escolham entre os estilos vistos na passarela. Ele disse também que os visores, a serem instalados nas maiores lojas da marca nos Estados Unidos e Europa, injetariam uma dimensão de entretenimento aos endereços Tommy Hilfiger. Isso é vital para as lojas físicas, que lutam para se manter relevantes num mundo cada vez mais digital, disse ele.

 

“Hoje em dia, não podemos simplesmente esperar que as pessoas venham à nossa loja para experimentar os casacos. É necessário oferecer entretenimento”, disse Grieder. “Não se trata mais de vendas por metro quadrado, e sim surpresa por metro quadrado, ou novidade.”

Aparelhos. Com vendas de US$ 6,7 Bilhões em 2014, a Tommy Hilfiger, que pertence à PVH Corp, é um dos muitos varejistas que explora a realidade virtual como ferramenta de vendas na concorrência com as lojas online pela atenção dos consumidores. Mas a adoção real da tecnologia nas lojas tem sido lenta, enquanto os fabricantes de visores aperfeiçoam seus aparelhos e trazem ao mercado modelos voltados ao consumidor.

No próximo mês, a Samsung deve lançar a versão de seu GearVR para o mercado consumidor, usando um smartphone como processador e tela. O Oculus VR, do Facebook, deve começar a ser vendido amplamente como visor de RV no ano que vem. A Sony também vai trazer às lojas o seu visor de realidade virtual para o console PlayStation4, conhecido como Project Morpheus, no primeiro semestre do ano que vem.

Mais ainda há muitos motivos para questionar se a realidade virtual, promovida durante décadas como a próxima grande tecnologia, vai finalmente decolar nos jogos eletrônicos, ou no varejo. Restam desafios como reduzir o desconforto sentido por algumas pessoas na realidade virtual e reduzir as dimensões dos desajeitados visores.

Os defensores da realidade virtual distiguem imediatamente essas tecnologia de outras modas que já perderam o interesse.

“O cinema em 3-D foi um truque, um atrativo”, disse Avinash Changa, diretor executivo da WeMakeVR. “Mas a RV pode ser relevante. Estamos aplicando a tecnologia para além do simples atrativo.”

(Por O Estado de São Paulo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM