Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do GPA, e Claudio Galeazzi, sócio do BTG Pactual e futuro acionista do novo gigante varejista, no entanto, garantem que a relação com a indústria será de ganha-ganha.

Os fornecedores de pequeno e médio porte, por sua vez, temem ser obrigados a aceitar as regras impostas pelo gigantismo da nova empresa. Por outro lado, os grandes acreditam que a conversa será mais equilibrada, uma vez que uma rede com domínio de um terço do varejo brasileiro não poderia também virar as costas para companhias que detém muitas marcas e produtos, a exemplo da BRF Brasil Foods, Nestlé e Unilever.

Um grande fornecedor brasileiro de carnes acredita que a união de Diniz com os franceses do Carrefour deve iniciar um processo de aumento de busca de eficiência não só na rede supermercadista, mas em toda a cadeia. A direção do frigorífico avalia que poderá ser beneficiada pela integração, uma vez que os novos processos demandados pelo novo gigante poderão trazer vantagens diretas à sua operação, como a busca por processos mais sofisticados e também a valorização da rastreabilidade — que assegura a procedência da carne.

A expectativa geral dos grandes fornecedores é de que a nova rede crie no Brasil regras muito próximas as que o Walmart faz nos Estados Unidos com seus fornecedores — caso da decisão de uso das etiquetas inteligentes, controladas por rádio frequência, nos paletes. Há ainda um comentário recorrente entre os fornecedores de que é mais ágil negociar com o Pão de Açúcar que com o Carrefour, o que tem levado várias indústrias a apoiar a fusão.

O que dizem os pequenos
Por parte dos pequenos fornecedores, as demonstrações são de temor com uma concentração ainda maior de mercado. Há quem acredite que pequenos e médios fabricantes deixarão de trabalhar com o novo gigante para focar em supermercados de menor porte.

Um fornecedor de médio porte acredita que sua rotina de venda de alimentos para o novo gigante varejista ficará mais árdua. “É óbvio que a nova empresa ficará com um poder de barganha maior, o que tornará a briga ainda mais difícil. Se houver pressão para baixar as margens, paro de vender”, ameaça o fornecedor.

Impacto negativo
Pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que 30% da indústria nacional de todos os segmentos consideram que a eventual fusão entre os grupos Pão de Açúcar e Carrefour terá impacto negativo sobre o mercado. Segundo o levantamento, divulgado pela Agência Brasil, haverá redução da opção de compras por parte de vendedores e produtores.

(Por Brasil Econômico)