Com as vendas do comércio mostrando os piores resultados desde 2003 e a perspectiva de faturar menos no Natal deste ano, redes varejistas, como Riachuelo, Americanas e Accessorize, e alguns shoppings centers fazem promoções já na primavera para baixar estoques e atrair consumidores.
A Alshop (associação de lojistas de shoppings) confirma o movimento de promoções no país e afirma que dessa vez são mais discretas, sem grandes gastos com publicidade.
Isso porque o fluxo de pessoas nos centros comerciais se mantém, embora o número de consumidores que realmente tiram dinheiro do bolso para comprar tenha caído.
“O calendário de liquidações tradicionalmente ocorre no verão e no inverno. Mas em épocas de crise, como em 2008, 2009 e agora, os estoques elevados estimulam promoções fora dessas datas”, afirma Luis Augusto Ildefonso, diretor da Alshop.
A Riachuelo faz a promoção “Leve 3, Pague 2” até 20 de dezembro em 273 lojas do país. A ação prevista para ocorrer em setembro foi prorrogada. A rede não detalha vendas nem estoques.
As Lojas Americanas, com 991 pontos de venda no país, fazem até segunda (19) o “Dia de Loucura”, com descontos em produtos eletrônicos, eletrodomésticos, de utilidades domésticas, vestuário etc.
No segmento de bijuterias, a Accessorize aproveitou o aniversário da loja e decidiu liquidar (com descontos de 20%) todos os itens de suas 28 lojas e do site. A promoção vai até este domingo (18).
“Com a crise de confiança e o desemprego aumentando, o consumidor não vê motivos para comprar. O que sobra é fazer um esforço ainda maior nas promoções para ver se a demanda reage”, diz o consultor Eduardo Terra, que preside a SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), entidade com executivos, empresários e especialistas do setor.
Nos shoppings, uma das estratégias usadas é fazer promoções por categoria de produtos. Caso do Estação Goiânia, em Goiás, que faz em outubro a “Moda 50 Graus”, com descontos de 30% a 50% para varejistas e atacadistas.
As chamadas semanas dos calçados, dos eletrônicos, da moda e outras tendem a crescer neste ano, diz Adriana Colloca, superintendente da Abrasce, associação que representa os shoppings.
Mas, na hora de divulgar as promoções, varejistas e shoppings estão cautelosos, diz o consultor Julio Takano, da KT Soluções para o Varejo.
“Promoções estão acontecendo, mas sem a comunicação expressa. Magazines e lojas menores correm para adequar o mix de produtos ao bolso de clientes”, afirma.
“A gente não vê aquela ideia de liquidação geral nos estabelecimentos. Parte dos itens está com descontos, e as ações são pontuais”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW, consultoria especializada em shopping centers.
25 DE MARÇO
Lojistas de regiões de comércio popular, como a da 25 de Março, em São Paulo, fazem o mesmo esforço de “inventar” ações e promoções para atrair o consumidor. Mas acreditam que isso somente vai ocorrer após o 13º salário entrar no bolso do trabalhador.
“No ano passado, em setembro, a movimentação já era forte. Neste, estamos na metade de outubro e nada. As compras só devem mesmo acontecer após o 13º e isso se o cliente ainda tiver emprego”, diz Miguel Jorge Junior, dono de “A Gaivota”, loja de artigos de decoração que existe há 55 anos na região.
Lojas de tecidos, armarinhos, papelaria e itens de decoração registram queda nas vendas de 10% a 15% em relação a 2014.
(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM