As vendas do comércio caíram 0,9% em agosto na comparação com julho. É o sétimo mês seguido de queda. Na comparação com agosto do ano passado, a queda foi de 6,9%.

No ano, até agora, o volume de vendas registra baixa de 3%; nos últimos 12 meses, o resultado acumulado é negativo em 1,5%.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado foi pior que o esperado por analistas consultados pela agência de notícias Reuters. Pesquisa apontou que a expectativa era de queda de 0,55% na base mensal e de 5,6% sobre um ano antes.

Projeções

“O viés é de baixa para a projeção do varejo em 2015 e contamina 2016. Com o cenário atual de renda, de crédito e político, não tem nada que possa reverter o cenário do consumo das famílias”, afirmou o economista da Tendências Consultoria Rodrigo Biaggi à agência de notícias Reuters, que projeta queda de 4,1% para o varejo este ano e de 1,5% no próximo.

A confiança do consumidor brasileiro continua em níveis históricos baixos, como reflexo da economia em recessão, deterioração do mercado de trabalho e em meio à forte crise política pela qual passa o país.

“O cenário de curto prazo para o consumo privado e vendas no varejo continua negativo desde à significativa desaceleração do fluxo de crédito, altos níveis de endividamento, queda da criação do emprego e do crescimento de salários, e taxas de juros mais altas”, destacou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

Seis de oito atividades tiveram queda nas vendas

O IBGE apontou que seis das oito atividades pesquisadas no varejo tiveram queda em agosto na comparação mensal no volume de vendas, sendo a maior para Livros, jornais, revistas e papelaria, de 2,6%. Já as vendas de Móveis e eletrodomésticas perderam 2%, enquanto Combustíveis e lubrificantes tiveram queda de 1,3% sobre julho.

Por outro lado, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, setor com maior peso na estrutura do comércio varejista, reduziu as perdas para 0,1% em agosto na base mensal, contra recuo de 1,5% em julho.

Ainda assim o impacto negativo do setor sobre o resultado de agosto foi grande, segundo a economista do IBGE Isabella Nunes, em decorrência da inflação elevada vinda do dólar mais alto, que somente em agosto subiu 5,91%.

“A grande diferença é o enfraquecimento do mercado de trabalho e a inflação mais alta. Mesmo os (setores) que ainda crescem no ano vêm perdendo força por conta do menor poder de compra das pessoas”, destacou Isabella.

(Por UOL) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM