Ao entrar em uma loja de queijos, em Paris, o personagem senhor Palomar, que dá nome a um livro de Italo Calvino, acreditou estar em um museu. Por trás de cada queijo, ele imaginava, deveria haver um pasto com um verde diferente, sob um céu de um azul diferente. Em suma, cada variedade tinha uma história para contar. “Todo produto tem a sua narrativa”, afirma Carlo Ratti, arquiteto e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Hoje, essa informação chega ao consumidor de forma fragmentada. No futuro, saberemos tudo sobre uma maçã assim que olharmos para a gôndola do mercado – a árvore na qual cresceu, o gás carbônico que captou, o tratamento químico que recebeu e o percurso que cumpriu.”

Painéis expõem  o impacto no ambiente e o valor nutricional dos produtos

Ratti inspirou-se no texto de Calvino para criar o Future Food District, um pavilhão montado pela maior rede de supermercados da Itália, a Coop, durante a Expo 2015, a feira mundial que foi aberta em maio, em Milão. “O varejo do futuro será baseado na rastreabilidade e na transparência”, diz Alberto Serrentino, da consultoria especializada Varese, que esteve no evento. Entenda, ao lado, como funciona o supermercado de dados.

1,5 mil produtos com informações nutricionais, dados de procedência e seu impacto ambiental foram colocados à venda, no modelo de supermercado criado pela rede italiana de varejo Coop, em Milão

 

MODELO REAL
A REDE DE SUPERMERCADOS ITALIANA COOP MONTOU PRATELEIRAS INTELIGENTES EM UM PAVILHÃO NA EXPO 2015, EM MILÃO. AS MERCADORIAS ESTÃO À VENDA, COMO EM UMA LOJA DE VERDADE.

CARNES AO NATURAL
NAS PRATELEIRAS, ALGUNS PRODUTOS REVELAM OUTRAS TENDÊNCIAS DO “SUPERMERCADO DO FUTURO”, COMO CARNES E PEIXES CONSERVADOS SEM REFRIGERAÇÃO, GRAÇAS À TECNOLOGIA DAS EMBALAGENS.

SENSOR ESPERTO
UM SENSOR DETECTA A PRESENÇA DO CONSUMIDOR DIANTE DO PRODUTO E APRESENTA UMA SÉRIE DE INFORMAÇÕES EM UMA TELA. HÁ DADOS SOBRE A ORIGEM DOS INGREDIENTES, A PEGADA DE CARBONO E OS VALORES NUTRICIONAIS.

ESPELHOS DIGITAIS
AS INFORMAÇÕES SOBRE OS PRODUTOS SÃO EXPOSTAS EM ESPELHOS DIGITAIS. “É UMA EXPERIÊNCIA SEMELHANTE À REALIDADE AUMENTADA, MAS SEM BARREIRAS, SEM GOOGLE GLASS OU OUTRA INTERFACE QUALQUER”, DIZ ANDREA GALANTI, RESPONSÁVEL PELO PROJETO ARQUITETÔNICO DO PROTÓTIPO.
 
 

 
(Por Época Negócios) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM