O consultor de estratégia empresarial Marcos Morita avalia a possível fusão Carrefour-Pão de Açúcar como um antecipação do empresário Abílio Diniz (dono do grupo varejista brasileiro) a movimentações de mercado que mais cedo ou mais tarde poderiam ocorrer.

“Se ele [Diniz] não negociasse com o Carrefour, o Wal-Mart [gigante americano de varejo] poderia comprar, ou mesmo um outro grande grupo varejista de fora”, avalia o consultor.

Unindo forças com o Carrefour, o grupo varejista brasileira multiplica sua distância frente aos demais concorrentes e levanta uma espécie de “barreira de entrada” a possíveis rivais no mercado brasileiro, acrescenta Morita.

O consultor ressalta ainda que a possível fusão com o Carrefour “embola” o acordo com o grupo francês Casino, um importante acionista do Pão de Açúcar.

Pelo acordo entre Pão de Açúcar e Casino, a empresa francesa tem a opção de assumir o controle do gigante brasileiro daqui a um ano, indicando um nome para a presidência do Conselho de Administração.

Nesse sentido, a fusão com o Carrefour tem outro objeto implícito: impedir a perda de controle sobre Pão de Açúcar. “A biografia do Abílio Diniz mostra que ele não foge das brigas: já teve aquele conflito com os irmãos, com o grupo Sendas, e esse agora”, comenta Morita.

E em termos de impacto para o consumidor, ele observa as principais consequências para os clientes da região Sudeste, onde Pão de Açúcar e Carrefour concentram suas operações. “Nas demais regiões do país, nós temos outros grandes grupos, além da força dos supermercados regionais”, avalia.

 

Editoria de Arte/Folhapress

Fonte: Folha de São Paulo 28/06/2011
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/935891-para-consultor-fusao-cbd-carrefour-antecipa-movimento-de-mercado.shtml