Na hora de procurar uma franquia para investir, muitos empreendedores olham para indicadores como investimento, faturamento e prazo de retorno. Mas outro ponto importante é a iniciativa da franqueadora em desenvolver profissionalmente não apenas os futuros franqueados, mas também os funcionários do novo empreendimento.

O treinamento contínuo é fundamental não só para que o empreendedor se alinhe com a filosofia da empresa, mas também para que saiba gerir e motivar a sua equipe. E esses ensinamentos não precisam ser passados, necessariamente, de uma forma maçante.

Dentro das estratégias de capacitação das empresas, o ensino à distância (EAD) e as ferramentas digitais são cada vez mais usados. Não só porque permitem desenvolver atividades inovadoras, mas também porque são financeiramente mais viáveis do que os eventos regionais, que podem sair caro se a franqueadora tiver muita capilaridade.

Veja, a seguir, três estratégias digitais fora do comum que algumas redes de franquia adotaram para treinar os franqueados e funcionários:

Atendimento por skype

Quando um franqueado tem uma dúvida urgente no meio do horário comercial, ele geralmente liga para a franqueadora. Na Mr. Beer, o telefone foi trocado pelo serviço de chamadas em vídeo Skype no ano passado. Quem atende a ligação e tira as dúvidas do franqueado pode ser um consultor ou um beer sommelier, que trabalha para a marca.

A mudança feita pela Mr. Beer foi benéfica por dois motivos, segundo Fabiano Wohlers, sócio-fundador da rede. A primeira razão é financeira: os custos foram reduzidos, já que a chamada em vídeo do Skype é gratuita, diferente de uma ligação telefônica. A outra vantagem é a interatividade. “Dá para que o franqueado consiga visualizar um rótulo, por exemplo, o que não acontece em uma ligação”, diz.

Os franqueados podem tirar suas dúvidas de duas formas: uma conferência individual, agendada com o especialista via Skype, e uma conferência em grupo, para tratar de temas como vendas, produtos e técnicas de abordagem. Segundo Wohlers, a presença de vários franqueados em discussões mais genéricas enriquece o debate, o que não acontece caso haja uma dúvida mais específica. As chamadas são agendadas para durar cerca de duas horas.

Gamificação

A plataforma C@mpus CNA, voltada para o ensino corporativo à distância, existe desde o fim de 2013. Mas, no ano seguinte, a ferramenta recebeu novos conteúdos e também jogos digitais.

Sérgio Monteiro, gerente de educação e treinamento da CNA, dá um exemplo de gamificação em um treino de vendas. “É uma simulação em história de quadrinhos. O funcionário escolhe caminhos para fazer uma venda bem sucedida. Se ele clica errado, essa história tem um desfecho que não é a matrícula”, conta.

A rede possui treinamentos para o gestor e para os funcionários, com atividades segmentadas por função. A ideia é misturar as atividades online e presenciais para promover interação entre colaborador e líder, afirma Monteiro. O gestor deve acompanhar o desenvolvimento dos colaboradores e trabalhar trilhas flexíveis de aprendizagem.

Um professor, por exemplo, pode ter como tarefa online montar um plano de aula que, depois, deve ser apresentado ao líder. Ele acompanha os pontos que o colaborador deve trabalhar e dá um feedback imediato. Segundo Monteiro, todo treinamento passa por uma avaliação e, a cada trimestre, a CNA elabora uma análise trimestral interna.

EAD desenvolvido pela própria franquia

É comum as franqueadoras contratarem uma empresa terceirizada ou um funcionário temporário para elaborar uma plataforma de ensino à distância. O grupo Ornatus, responsável por marcas como Morana, Balonè e Jin Jin, contratou um profissional de design instrucional para desenvolver e atualizar essa ferramenta.

“Eu já tinha intenção de colocar o EAD no grupo, e comecei a trabalhar nisso há uns três anos. Era complicado, porque mexer na ferramenta e torná-la atrativa para quem vai estudar não é nossa expertise. Achei melhor a contratação de um especialista, feita há um ano”, conta Valéria Miguel, gerente de RH da Ornatus.

Há treinamentos para franqueados e funcionários, mas a inovação está no feedback. O especialista Daniel Moura acompanha rankings de visualização da plataforma, acompanha os treinamentos e responde dúvidas por e-mail e pelos comentários do portal. Após a mudança, a taxa de adesão aos treinamentos na franquia Morana subiu de 14,5% para 75%, somando os treinamentos de gerentes, vendas e marketing local, conta Valéria.

Um exemplo de desenvolvimento personalizado do treinamento aconteceu na rede Jin Jin. Por ser do ramo de alimentação, é mais difícil para os funcionários acessarem os treinamentos pelo computador, diz Valéria. A rede testou um treinamento em tablet, com módulos que duram cerca de 12 minutos cada. “O gestor pode montar uma grade para os funcionários fazerem os módulos na rede, revezando, já que são curtos”. O lançamento para todas as unidades aconteceu em maio deste ano.

“O EAD é uma ferramenta que não dá mais para a gente abrir mão. Em tempos de crise, temos de ter equipes mais preparadas, mas não é possível viajar para dar treinamento a todas as lojas. Parar os treinamentos também não é uma opção. O EAD vem para fechar essa conta”, afirma a gerente.

(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM