Nos últimos meses colorir livros deixou de ser apenas uma brincadeira infantil. E comprar lápis colorido não é mais só mais um item na extensa lista de material escolar da criançada. A nova mania dos adultos – que chegou ao Brasil por volta de novembro do ano passado – de colorir livros para aliviar o estresse do dia a dia, surpreendeu positivamente o varejo e a indústria. Em março, abril e maio deste ano, a bandeira Extra do GPA (Grupo Pão de Açúcar) dobrou as vendas lápis de cor, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a rede, o boom de consumo ocorreu graças à febre dos livros de colorir antiestresse. Nas lojas da marca, entre os mais vendidos estão os estojos de 12 e 24 lápis, comercializados a partir de R$ 3,49 e de R$ 19,90, respectivamente.

O aquecimento do segmento de lápis de cor reforça a necessidade de estar atento a hábitos que surgem rapidamente. A ideia é adequar o sortimento com velocidade, como fez o Extra nas unidades da Grande São Paulo. Desde a semana passada, elas incluíram no mix os livros de colorir Floresta Encantada e Jardim Secreto, da editora Sextante, e Jardim dos Sonhos, da editora On line. Eles estão sendo vendidos a partir de R$ 29,90.

Também é preciso analisar se a compra daquele produto que está na “moda” incentiva a de outras categorias. Atentos a isso, algumas redes estão aproveitando a nova onda para elevar as vendas de diversos outros itens de bazar. O Carrefour, por exemplo, além dos lápis, registrou aumento de vendas em canetas hidrográficas e giz de cera. A rede trabalha ainda com opções de títulos para colorir de baixo custo, como a revista Jardim dos Sonhos, com preço em torno de R$ 19,90. Segundo a empresa, para garantir a disponibilidade e atender a alta demanda , foram firmadas parcerias com os principais fornecedores do País. Há ainda reabastecimento mais regular das gôndolas nas lojas.

Outra rede que teve alta nas vendas foi a Walmart. O destaque ficou com o mês de abril, quando os lápis cresceram 8% sobre igual mês de 2014. Trabalhando com cinco fornecedores da categoria, a empresa não teve problemas com abastecimento. Mas afirma que já está analisando as necessidades dos próximos dois meses. O Walmart também registrou no mês passado crescimento de 75% em giz de cera e 34% nas canetas em hidrocor.

Ajuste da produção

A fabricante Faber-Castel foi pega de surpresa com o crescimento da demanda por lápis de cor após o período de Volta às aulas, que vai de fevereiro a março. Segundo Claudia Neufeld, diretora de marketing da Faber-Castell, a procura maior aconteceu em abril. “Os itens mais procurados foram os de maior valor agregado, como os estojos de 36 e 48 cores. O mesmo aconteceu com os produtos importados, que possuem maior sortimento de cores, como os estojos de 60 a 120 cores”, afirma ela.

Por conta disso, os produtos com 36 e 48 cores ganharam mais espaço na produção. Entre abril de 2013 e março de 2014, a Faber-Castell faturou R$ 458 milhões no Brasil. Se a demanda puxada pelos livros de colorir se mantiver em alta, a receita poderá ter um bom impulso em 2015.

Enquanto permanecer o hábito de colorir para aliviar o estresse, os supermercados precisam garantir que os lápis e livros, além de itens complementares, estejam em evidência nas lojas. Mas a lição desses produtos para os negócios não pode ser esquecida: é preciso identificar novos comportamentos para se adaptar rapidamente a eles.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM