O forte desempenho dos eletroportáteis no Brasil vem despertando o interesse de tradicionais fabricantes de aparelhos de imagem e som e de eletrodomésticos da linha branca (fogão, geladeira e lavadora) pelo segmento. As vendas de aparelhos como cafeteira e ferro de passar, de baixo valor unitário, somaram R$ 14,3 bilhões e cresceram 14,5% em relação a 2013, nas contas da empresa de pesquisa Euromonitor International. Representa mais que o dobro da taxa alcançada pela linha branca no mesmo período (7%).

A Semp Toshiba, mais antiga fabricante de televisão do País, se prepara para diversificar seu portfólio de produtos, concentrado em 80% na venda de televisores e o restante em itens de informática e de aparelhos de som. Em agosto, colocará no mercado 50 produtos, todos importados da Ásia, com a marca Semp. São fritadeiras a ar digitais, cafeteiras, liquidificadores, fornos elétricos, ferros de passar sem fio, panelas de arroz, torradeiras e até um aspirador de pó robotizado, que limpa a casa sozinho.

ECONOMIA E STATUS

De acordo com Alexis Frick, analista de pesquisa da Euromonitor, uma soma de fatores explica o desempenho de mercado dos eletroportáteis. O primeiro deles é o fato de o preço médio dos portáteis ser muito inferior ao de um eletrodoméstico de grande porte. Isso acelera as vendas desses produtos, especialmente num cenário de crise como o atual.

Outro fator é o grande número de consumidores que já conseguiu adquirir geladeira, fogão e TV, produtos de vida útil longa, em comparação com os que têm cafeteira ou fritadeira. Nos últimos anos, segundo o analista, com a redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) da linha branca, houve um estímulo extra à compra desses eletrodomésticos básicos.

Outro fator apontado por Frick é a praticidade e o status proporcionados pelos aparelhos pequenos. “A cozinha virou um espaço importante na casa para receber as visitas e se o consumidor não tem condições de comprar um geladeira, pode impressionar com uma cafeteira”, diz.

Pesquisa da Euromonitor mostra a preferência atual do consumidor por dois aparelhos. As vendas de máquinas de café cresceram 30,5% entre 2013 e 2014. No mesmo período, as fritadeiras a ar registraram um aumento de 29,2%. Enquanto o consumo de fritadeiras e cafeteiras explode, as vendas de TVs têm crescimento bem menor. Aumentaram 11,7% de 2012 para 2013 e devem encolher 3% até 2018.

A MIGRAÇÃO DA SEMP TOSHIBA

Este cenário está por trás da decisão da Semp Toshiba de diminuir a dependência dos televisores e diversificar o portfólio. “Nossa visão de longo prazo é tirar o peso relativo que a TV tem hoje no faturamento da empresa e, em quatro anos, reduzir essa participação para 50%”, afirma o presidente da companhia, Ricardo Freitas. O faturamento da empresa atingiu R$ 1,2 bilhão no ano passado.

Dados da Eletros, que reúne fabricantes do setor, mostram que a venda de TVs caiu 40% no 1º trimestre de 2015 ante 2014. Entre os portáteis a retração foi bem menor. O executivo da Semp aponta que, no segmento de portáteis, existe uma competição mais saudável, mais opções de fornecedores e possibilidade de ajuste mais rápido em momentos de volatilidade de mercado.

(Por Diário do Comércio) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM