A relação do brasileiro com seus animais de estimação deve ser mais forte do que a crise econômica. O Brasil é a sétima economia do mundo, mas ostenta a segunda posição no mercado pet global, atrás dos Estados Unidos.

Apesar de o setor prever para 2015 pequena desaceleração em relação à expansão de 8% do ano passado, o investimento deve seguir aquecido. Duas gigantes globais têm novas fábricas de rações em diferentes fases de desenvolvimento, uma das líderes no varejo especializado pretende ampliar o número de lojas em mais de 30% e até a Marfrig está apostando nos pets.

Entre os investimentos industriais, a americana Mars, líder em alimentos para pets no País com as marcas Pedigree (para cães) e Whiskas (gatos), está com o projeto mais adiantado.

A empresa vai inaugurar em 2016 uma unidade de R$ 140 milhões em Ponta Grossa (PR) para ampliar sua produção no Brasil em 35%. “Temos uma crença inabalável que, apesar de altos e baixos, o setor de pets é bastante promissor”, afirma João Carlos Rapacci, presidente da divisão de pets da Mars.

A Nestlé Purina, principal concorrente da Mars, também considera ampliar sua produção. A empresa poderá anunciar, até o fim do ano, a ampliação em sua capacidade de fabricação de rações. A divisão da Nestlé dedicada à alimentação animal domina 16% deste mercado no País, que movimenta R$ 11 bilhões ao ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

As fatias da Mars são de 44% (rações de gatos) e 29% (cães), segundo dados de mercado. Hoje, o segmento de alimentação animal representa aproximadamente dois terços do segmento pet, que movimentou R$ 16,4 bilhões no ano passado.

Esse montante põe o Brasil na segunda posição global do setor, com 7%. O país só perde para os Estados Unidos, que dominam 33% do mercado pet.

Segundo o presidente da Nestlé Purina para a América Latina, Fernando Merce, o Brasil responde por 55% do consumo latino-americano de alimentos para animais de estimação. Hoje, são 65 milhões de “consumidores” – 40 milhões de cães e 25 milhões de gatos.

Além da expansão natural do mercado, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França, diz que as vendas do setor de pets são beneficiadas pela urbanização da população, que passa a viver em apartamentos.

Isso contribui para que o brasileiro abandone um hábito antigo, o de cozinhar para o animal de estimação, e passe a adotar o alimento industrializado. Além do crescimento em volume, as fábricas fazem de tudo para que o consumo de rações fique mais sofisticado.

A Mars, vem investindo em rações e petiscos que ajudam no funcionamento do intestino e na higienização dos dentes. A Nestlé Purina busca inovações locais: no Brasil, usa frutas tropicais, como jabuticaba e acerola, na formulação de seus produtos.

VAREJO: TÍQUETE DE R$ 315

Segundo fontes do setor, o desenvolvimento do varejo especializado  também ajuda a aumentar o gasto médio por animal. A Abinpet informa que hoje um cão de grande porte custa R$ 315 por mês ao dono -considerando alimentação e serviços como banho, tosa e consultas veterinárias.

As duas maiores redes de varejo para pet no Brasil – Cobasi e Pet Center Marginal – têm menos de 30 lojas. Isso mostra que o mercado têm muito a se desenvolver: nos Estados Unidos, há redes com 2 mil unidades.

Procurada, a rede Cobasi não quis dar entrevista. A Pet Center Marginal, que tem o fundo Warburg Pincus como controlador, passou o ano passado reorganizando a gestão, de acordo com Sergio Zimerman, fundador e CEO da empresa.

Em 2015, a empresa vai abrir nove lojas – expansão de 33% em relação às atuais 27 unidades. Para crescer fora de São Paulo, a companhia adotará a marca Petz. Isso porque “Marginal” é uma referência bem paulistana: refere-se à Marginal Tietê, onde ficam a sede e a primeira loja da rede.

(Por Diário do Comércio) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM