As vendas do varejo de material de construção cresceram 12% em março, na comparação com o mês de fevereiro de 2015. Os dados são do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas da Universidade Anamaco com o apoio da Abrafati, Instituto Crisotila Brasil, Anfacer, Afeal e Siamfesp. O levantamento ouviu 530 lojistas das cinco regiões do país entre os dias 27 e 31 de março e a margem de erro é de 4,3%.
De acordo com a pesquisa, na comparação com o mesmo período de 2014, o desempenho do setor foi 6% superior. Já no acumulado do ano, o índice é 4,6% superior ao mesmo período do ano passado. O aumento ocorre em lojas de todos os portes, principalmente nas médias e grandes.
– Essa reação do comércio já era esperada nesta época do ano, com a retomada das atividades letivas e já tendo passado a obrigatoriedade de alguns pagamentos que impactam no bolso do consumidor no início do ano, como o IPVA e o IPTU. Além disso, março teve mais dias úteis do que fevereiro, quando tivemos o feriado do Carnaval – explica o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.
Entre os segmentos pesquisados no mês, louças sanitárias foi o que mais cresceu (6%), seguido de revestimentos cerâmicos (3%), portas e janelas de alumínio (3%), tintas (2%) e metais sanitários (1%). Já a venda de cimentos ficou estável no período.
No levantamento por regiões, 32% dos lojistas da região Sul apresentaram crescimento, seguidos pelo Norte, Centro-Oeste e Nordeste (com 31% cada) e pela região Sudeste (25%).
Com os resultados apresentados em março, a Anamaco espera que o setor tenha em 2015 um desempenho 6% superior ao ano passado, quando bateu recorde de faturamento histórico de R$ 60 bilhões. Apesar de estudos recentes indicarem que a intenção de consumo geral está em queda no Brasil, a entidade lembra que o setor de material de construção tem suas próprias características:
– Ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil é construído pela auto-construção. Quase 80% das obras no nosso País são geridas pelo consumidor pessoa física. É ele quem vai até uma das 148 mil lojas do nosso setor comprar nossos produtos e gerenciar a sua reforma ou a sua construção. É o brasileiro quem comanda o nosso setor e isso tem crescido pelo incremento da oferta de crédito. Claro que estamos passando por um momento de incertezas econômicas, mas costumo dizer que os 58 milhões de domicílios no Brasil funcionam como seres vivos que precisam de manutenção e reforma por conta do uso e desgaste natural. Isso, por si só, já movimenta o nosso setor anualmente, sem falar que quando setores como automóveis e viagens registram queda de vendas, isso representa uma diminuição da concorrência pelo bolso do consumidor. Já que vai ficar em casa, o brasileiro passa a voltar sua atenção para sua residência – ressalta Conz.
Com o nível dos reservatórios ainda baixos, a crise hídrica continua assolando o Estado de São Paulo e demais áreas do Brasil. O risco iminente de racionamento tem causado uma corrida dos consumidores às lojas de material de construção em busca de soluções, mesmo que paliativas, para amenizar o problema. Além da venda de caixas d’água ter crescido quase 60% nos últimos quatro meses, o consumidor está indo às lojas do setor procurando outros produtos para auxiliá-lo a enfrentar esse período.
– As pessoas estão procurando nossas lojas para ajudá-las a economizar e a reutilizar água. O consumidor está mais ciente de que precisa alterar seus hábitos de consumo e quer produtos que possam auxiliá-lo nessa nova fase. Hoje em dia, as lojas de material de construção possuem produtos como arejadores, que podem ser instalados na torneira, além de redutores de vazão nos chuveiros e bacias sanitárias que utilizam menos água por descarga. Muita gente não sabe, mas as bacias sanitárias fabricadas antes de 2002 no Brasil utilizam até seis vezes mais água por higienização do que as produzidas hoje. A descarga é responsável por 35% do uso de água em uma residência, então a simples troca de uma bacia sanitária pode ajudar o consumidor a reduzir e muito o consumo de água em sua casa – explica o presidente da Anamaco.
O aumento nas contas de energia em todo o País também está levando consumidores a procurar produtos que possam auxiliá-los no uso eficiente de energia.
– As casas no Brasil foram construídas para ter uma televisão, uma geladeira, um fogão e um chuveiro elétrico, mas hoje, a maioria delas possui mais de uma TV, sem falar no home theater, no forno de microondas e até mesmo no ar condicionado. Em função disso, as tomadas estão carregadas de benjamins e extensões para ligarem todos os aparelhos elétricos, que foram adquiridos pelo consumidor em razão do conforto e melhoria da renda. Está mais do que na hora dessas instalações elétricas serem revistas e esse aumento da conta de energia deve gerar uma grande demanda por ações como essa – afirma Conz.
Segundo a Anamaco, essa revisão das instalações elétricas, somada à substituição das lâmpadas atuais pelas de LED, principalmente nos estabelecimentos comerciais, pode ocasionar uma economia média de 30% na conta de energia.
(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM