A capacidade de competição da indústria brasileira sofreu uma reviravolta negativa na última década. Hoje, o custo de produzir no Brasil é 23% maior do que nos Estados Unidos. Em 2004, era 3% inferior.

A conclusão é de um estudo recém-divulgado pela consultoria The Boston Consulting Group (BCG). A pesquisa comparou os custos de produção dos 25 principais países exportadores do mundo.

Além dos Estados Unidos, o custo de produção no Brasil ultrapassa, significativamente, o de outros países emergentes, como China, Índia, México e Rússia.

 

 

A consultoria analisou os custos de produção dos 25 países levando em conta quatro fatores: salários na indústria, produtividade do trabalho, custo de energia e taxa de câmbio.

Segundo o BCG, o Brasil perdeu competitividade em todos os quesitos analisados. Com isso, o custo de produção da indústria no País aumentou 26% em relação ao dos EUA entre 2004 e 2014.

Salários mais elevados combinados com um crescimento muito fraco da produtividade explicam três quartos desse aumento. O BCG ressalta que os salários pagos na indústria mais do que dobraram ao longo da última década.

O problema, segundo a consultoria, é que essa tendência não foi acompanhada por um aumento significativo da produtividade dos trabalhadores brasileiros.

Um forte ganho de eficiência teria permitido às empresas conseguir um aumento de sua capacidade de produção suficiente para cobrir os maiores custos trabalhistas. Mas a produtividade cresceu apenas 1% ao ano no período analisado.

O lento aumento da eficiência é explicado por fatores como baixa oferta de mão de obra qualificada, falta de investimento, infraestrutura inadequada e burocracia excessiva.

A consultoria afirma ainda que o forte aumento do preço da eletricidade para a indústria – que dobrou na última década – e o maior custo do gás natural também contribuíram para erodir a capacidade de competição do setor no país.

(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM