Essa faixa de consumidores, que nos últimos cinco anos impulsionou os gastos com comida, bebida e higiene nos supermercados, perdeu preponderância para as classes A e B neste ano, segundo um estudo da Nielsen revelado à Folha de S. Paulo. Do crescimento de 7% registrado no gasto das famílias com abastecimento do lar neste ano até abril, a faixa AB contribuiu com 61%, enquanto a C participou com 34%.

A queda é expressiva se comparada a 2013, quando a classe C teve participação de 49%, e a AB, de 35% no crescimento do consumo. Segundo a Nielsen, esse dado indica uma tendência para o mercado brasileiro. “Esse grupo [classe C] não perdeu a relevância, continua sendo o mais importante em volume, mas seu papel no crescimento mudou”, explica Olegário Araújo, diretor da empresa de pesquisas.

O aumento do consumo da classe C ficou abaixo da média nas compras de bolachas, sobremesas prontas, cervejas e sabões em pó e líquido. No segmento de higiene e beleza, no entanto, o consumo continua forte, impulsionado pela indulgência e vaidade dos consumidores.

A mudança pode ser explicada pelo endividamento da classe média e pela inflação, que forçou a classe C a rever seus gastos. “Pode ter sido uma contenção para racionalizar e pagar o restante das contas”, destaca Araújo.

No grupo AB, por outro lado, o avanço veio da mudança de hábito dos consumidores da classe B, que, em busca de economia, reduziram a frequência nos restaurantes. A substituição pela alimentação em casa aparece no aumento de gastos com perecíveis, que avançou 14,5% em relação à última pesquisa.

(Por Folha de São Paulo)