Há um ano, a francesa L’Occitane lançou no país uma marca que leva o nome do Brasil e cujos cosméticos são criados a partir de plantas da biodiversidade local. Com preços mais acessíveis, a L’Occitane au Brésil passou a ser a principal aposta de crescimento da operação brasileira. O plano é passar dos atuais 33 pontos de venda exclusivos para 400 lojas e quiosques em cinco anos, afirma o presidente da companhia no Brasil, Benjamin Beaufils.
Os produtos da nova marca são os únicos do grupo fabricados no Brasil, por empresas terceirizadas. Os preços são, em média, 30% menores em relação à L’Occitane au Provence, cujos itens são importados.
Para acelerar a expansão da marca inspirada no Brasil, a companhia optou por adotar o sistema de franquias. Das lojas já abertas, 20 são franquias. A L’Occitane en Provence, no país desde 1995, tem apenas 14 de seus 92 pontos operados por franqueados.
A abertura de lojas da marca mais antiga do grupo deve ser mais lenta e, principalmente, com investimento próprio. Em 2013, oito unidades foram inauguradas. “A L’Occitane en Provence nunca será deixada de lado, mas hoje grande parte dos nossos esforços estão na L’Occitane au Brésil”, diz Beaufils, há quatro anos na operação local, dois deles como presidente. O grupo também importa, desde 2012, os produtos da marca Le Couvent des Minimes, vendidos em lojas do supermercado Pão de Açúcar.
“O primeiro objetivo é fazer uma marca forte aqui no Brasil, mas também temos a ambição de torná-la uma marca internacional”, afirma o executivo, sobre a L’Occitane au Brésil. A marca acaba de dar o primeiro passo rumo ao exterior, por enquanto em uma ação temporária. Os produtos invadiram 1,5 mil lojas da L’Occitane en Provence em 45 países, onde serão vendidos até o fim da Copa do Mundo.
No Brasil, os itens também são encontrados em lojas da Provence, onde ficam expostos em móveis exclusivos. De acordo com Beaufils, a convivência das duas marcas foi saudável. “Gerou muito mais uma curiosidade do que canibalização”. Mas a ideia é separar cada vez mais os canais de distribuição para que cada marca siga seu caminho e se diferencie perante os consumidores. Segundo o executivo, o público-alvo da L’Occitane au Brésil também está nas classes A e B, mas é mais jovem.
Conhecedora dos ingredientes da Provença, a L’Occitane busca com a “Brésil” se aprofundar na natureza brasileira. A empresa pesquisa no país plantas que ainda não tenham sido usadas por concorrentes e que tenham propriedades para a indústria cosmética. Descobriu, por exemplo, que a capacidade de retenção de água do mandacaru pode ajudar na hidratação da pele.
O portfólio da L’Occitane au Brésil tem cerca de 60 produtos, como hidratantes, xampus e colônias. A empresa quer ter 100 itens até dezembro e atingir 300 em 2016. O plano é estrear em categorias que a marca ainda não atua e lançar novas linhas. Atualmente são cinco: araucária, bromélia (Mata Atlântica), jenipapo (Cerrado), mandacaru (Caatinga) e vitória-régia (Amazônia). “O país tem a maior biodiversidade do mundo e ainda há muita coisa a ser explorada”, afirma Beaufils.
Segundo o executivo, parte dos recursos levantados com a abertura de capital da L’Occitane estão sendo usados no projeto. A L’Occitane foi listada na Bolsa de Hong Kong em 2010, quando captou cerca de US$ 700 milhões.
No ano fiscal terminado em março, a operação brasileira foi a que mais cresceu entre os 90 países onde a L’Occitane atua. A receita líquida avançou 21% em moeda constante no período, e Beaufils espera manter o ritmo de crescimento este ano. As vendas globais aumentaram apenas 1% no período, para € 1 bilhão. O Japão é o maior mercado da companhia, seguido por Estados Unidos e Hong Kong. A França vem em quarto lugar. O Brasil é o oitavo, ainda atrás de China, Rússia e Reino Unido.
O Brasil tem o terceiro maior mercado de cosméticos e produtos de higiene pessoal do mundo e está entre os que mais crescem. A desaceleração da economia e o câmbio desfavorável, no entanto, desafiam as empresas. “Temos que conviver com isso, mas estamos acostumados a lidar com a variação das taxas cambiais”, diz Beaufils. Em euros, a receita líquida do grupo aumentou apenas 4% no país no último ano fiscal, para € 46 milhões.
(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM