Depois de um ano de queda na produção, o setor de bebidas espera recuperação moderada em 2014. A avaliação de empresas e de associações é de que o clima quente na maior parte do País, com a perspectiva de manutenção de temperaturas acima da média histórica, e a Copa do Mundo ajudarão nas vendas. Em janeiro, a produção do setor já cresceu 1,8% frente ao mês anterior, descontando-se efeitos sazonais, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Ainda assim, as empresas permanecem cautelosas. Os custos com insumos continuam subindo com a valorização do dólar e existe a possibilidade de o governo aumentar em abril o imposto sobre bebidas frias, que incluem cervejas e refrigerantes.

O IPP (Índice de Preços ao Produtor), calculado pelo IBGE para a evolução dos reajustes de produtos na porta da fábrica, sem impostos e fretes, mostra que os preços no setor de bebidas subiram 8,62% em 12 meses encerrados em janeiro. Todos os itens do setor – cerveja, chope, refrigerante, xarope para preparação de bebidas e aguardente – estão com alta nos preços. Parte desse aumento decorre do câmbio. Com o real desvalorizado, fica mais caro importar insumos, como cevada, lúpulo e malte.

E, embora o primeiro mês do ano tenha sido de crescimento, no acumulado de 12 meses até janeiro a produção de bebidas caiu 5,6%. Segundo o IBGE, o recuo foi puxado pelos segmentos de cerveja e refrigerante, que representam 45% e 40% do setor de bebidas do país, respectivamente.

A Coca-Cola Brasil, maior fabricante de bebidas do País, viu, entre 2012 e 2013, seu volume total de vendas cair 2%. A multinacional atribui o resultado ao arrefecimento econômico, combinado ao endividamento das famílias. O vice-presidente de comunicação institucional e sustentabilidade da Coca-Cola, Marco Simões, espera melhora nas vendas em 2014.

A Brasil Kirin, dona de 16 marcas, entre cervejas, refrigerantes, sucos, energéticos e água, projeta alta de 2% a 5% nas vendas em 2014, depois de estabilidade no ano passado. A companhia e todo o setor de bebidas já são afetados pelo câmbio mais alto, diz Fabio Marchiori, vice-presidente de finanças e estratégia da Brasil Kirin. No caso da empresa, o dólar tem mais impacto na importação de malte, já que 55% do grão que é utilizado para a produção de cerveja vem da Holanda. A companhia é fabricante da Schin e da Devassa.

“Para não haver repasses, tentamos aumentar a produtividade, por meio de maior eficiência logística, a fim de reduzir custos e poder manter os preços ao consumidor”, afirma Marchiori, acrescentando que o esforço é “grande” para não fazer reajustes na ponta.

A Ambev, que responde por quase 68% das vendas de cerveja do País, também sente os efeitos do câmbio, mas afirma estar protegida contra as oscilações da moeda. “O impacto é mínimo. Não sofremos com esse tipo de problema [cambial], com os nossos contratos de hedge”, diz Pedro Mariani, vice-presidente jurídico e de relações corporativas da companhia.

No fim de fevereiro, durante a divulgação do balanço de 2013, a Ambev informou que prevê aumentar sua receita líquida este ano entre “um dígito alto” e “dois dígitos baixos”. A companhia fechou o ano passado com expansão de 7,9% na receita, para R$ 34,8 bilhões, apesar da queda de 2,7% no volume total de bebidas vendidas.

Para 2014, a Ambev aponta a Copa como um dos principais fatores positivos. A avaliação é consenso no setor. “A Copa do Mundo equivalerá a um mês de vendas no verão”, afirma Paulo Tarso Petroni, diretor-executivo da CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja), que reúne Ambev, Brasil Kirin, Heineken e Petrópolis.
[Fonte: SM]

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