O IPP (Índice de Preços ao Produtor), calculado pelo IBGE para a evolução dos reajustes de produtos na porta da fábrica, sem impostos e fretes, mostra que os preços no setor de bebidas subiram 8,62% em 12 meses encerrados em janeiro. Todos os itens do setor – cerveja, chope, refrigerante, xarope para preparação de bebidas e aguardente – estão com alta nos preços. Parte desse aumento decorre do câmbio. Com o real desvalorizado, fica mais caro importar insumos, como cevada, lúpulo e malte.
A Coca-Cola Brasil, maior fabricante de bebidas do País, viu, entre 2012 e 2013, seu volume total de vendas cair 2%. A multinacional atribui o resultado ao arrefecimento econômico, combinado ao endividamento das famílias. O vice-presidente de comunicação institucional e sustentabilidade da Coca-Cola, Marco Simões, espera melhora nas vendas em 2014.
A Brasil Kirin, dona de 16 marcas, entre cervejas, refrigerantes, sucos, energéticos e água, projeta alta de 2% a 5% nas vendas em 2014, depois de estabilidade no ano passado. A companhia e todo o setor de bebidas já são afetados pelo câmbio mais alto, diz Fabio Marchiori, vice-presidente de finanças e estratégia da Brasil Kirin. No caso da empresa, o dólar tem mais impacto na importação de malte, já que 55% do grão que é utilizado para a produção de cerveja vem da Holanda. A companhia é fabricante da Schin e da Devassa.
“Para não haver repasses, tentamos aumentar a produtividade, por meio de maior eficiência logística, a fim de reduzir custos e poder manter os preços ao consumidor”, afirma Marchiori, acrescentando que o esforço é “grande” para não fazer reajustes na ponta.
A Ambev, que responde por quase 68% das vendas de cerveja do País, também sente os efeitos do câmbio, mas afirma estar protegida contra as oscilações da moeda. “O impacto é mínimo. Não sofremos com esse tipo de problema [cambial], com os nossos contratos de hedge”, diz Pedro Mariani, vice-presidente jurídico e de relações corporativas da companhia.
No fim de fevereiro, durante a divulgação do balanço de 2013, a Ambev informou que prevê aumentar sua receita líquida este ano entre “um dígito alto” e “dois dígitos baixos”. A companhia fechou o ano passado com expansão de 7,9% na receita, para R$ 34,8 bilhões, apesar da queda de 2,7% no volume total de bebidas vendidas.
Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo, Núcleo de Estudos e Negócios , Retail Lab