Duas das mais influentes vozes do mercado de açúcar diferem substancialmente sobre a safra 2014/15. Estimativas globais conflitantes de produção e consumo de açúcar, feitas pela Kingsman e pela Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês), apareceram depois que os preços da commodity subiram em Nova York, com a notícias de clima seco no Brasil e a possibilidade de a estiagem diminuir a oferta do maior produtor mundial.

Na primeira estimativa oficial da temporada, a consultoria com base na Suíça divulgou que espera uma queda no excendente global de açúcar para 2 milhões de toneladas durante 2014/15. A Kingsman espera que a produção mundial fique em 180,1 milhões de toneladas e o consumo em 178,1 milhões de toneladas.

“Preços altos nos anos que passaram fizeram diminuir a demanda global, mas com a queda dos preços recentes, esperamos um retorno aos níveis normais”, disse Charlotte Kingsman, analista da consultoria. “Outra coisa a se ter em mente é que os preços baixos do açúcar reduzem o incentivo de procura de alternativas de adoçantes”, disse.

Esta previsão varia muito da feita pela ISO, que afirmou acreditar que a demanda global vai crescer ao mesmo tempo que haverá uma queda na produção. Com isso, a organização espera um déficit no mercado de açúcar de 2 milhões de toneladas na temporada. Este seria o primeiro déficit em cinco anos.

Ao dar uma entrevista ao The Wall Street Journal, o economista da ISO Leonardo Bichara Rocha advertiu, porém, que esse número poderia “mudar ao longo dos próximos meses significativamente” e que ainda não tem formalmente um cálculo para o saldo de açúcar do período em questão.

Rocha disse que o quadro pode mudar principalmente devido a volatilidade da oferta e dos dados disponíveis em diferentes países produtores em 2014/15 e ele foi incapaz de dar estimativas globais específicas para produção e consumo ao jornal.

Na temporada atual, 2013/14, Kingsman e ISO prevêem um superávit no mercado global. A Kingsman espera 3,97 milhões de toneladas a mais no mercado, com excesso de produto armazenado na China, Índia, México e Argentina. A ISO espera um superávit de 3,72 milhões de toneladas.

Na quarta-feira passada, o açúcar demerara encerrou o pregão da bolsa de Nova York a 16,10 centavos de dólar por libra-peso, o maior valor desde 2 de janeiro. Os ganhos foram uma reviravolta depois de os preços do açúcar terminarem na maior queda em três anos e meio duas semanas antes.

[Fonte: Valor] Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo, Núcleo de Estudos e Negócios , Retail Lab