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Todos os anos, a grife carioca Farm e a doceria Ofner apostam na abertura de novos pontos de venda em badalados destinos de turismo como Trancoso e Campos do Jordão. Entretanto, por mais rentáveis que sejam, os empreendimentos já nascem com data certa para fechar: são as chamadas lojas sazonais. A prática de investir em lojas temporárias com o objetivo de alavancar as receitas em determinadas temporadas e de promover a marca é bastante utilizada por grupos já consolidados no mercado. Mas, empresas de pequeno e médio porte já começam a se beneficiar dessa estratégia de negócios.

“Esse tipo de empreendimento requer um investimento inicial menor do que o exigido por uma loja convencional, o que torna esta estratégia viável para pequenos e médios empresários”, diz Heloisa Omine, professora do Núcleo de Varejo da ESPM.

As lojas sazonais, que não duram mais de seis meses em uma mesma localidade, estimulam a inovação e a comunicação direta com o público-alvo da empresa. Outra vantagem é a possibilidade de os empresários testarem novas abordagens sem prejuízo para o negócio. Além disso, é possível acompanhar o fluxo da demanda, a aceitação do produto e testar a rentabilidade do negócio em um curto prazo.

Interessada em aumentar a interação com o público, a pequena empresa Meu Móvel de Madeira decidiu apostar na abertura de uma loja sazonal em Florianópolis. A empresa, que vende exclusivamente pela internet, recebia muitos pedidos de clientes que desejavam ver os móveis antes de comprá-los.

“Optamos pela loja virtual porque esse modelo de negócio nos permitiria estar no País inteiro. Entretanto, com a falta de exposição do produto, perdíamos clientes”, afirma Ronald Heinrichs, diretor da empresa. A solução, conta o executivo, foi investir R$ 50 mil em uma loja sazonal. A Meu Móvel de Madeira aproveitou a oportunidade e instalou na loja totens de auto-atendimento que permitiam a compra por meio do site. O sucesso da primeira experiência levou a empresa a planejar a abertura de mais um ponto de vendas temporário em Joinville.

Vendas precisam ser maiores

Apesar de a loja sazonal possuir características atraentes, é preciso fazer um bom planejamento, independentemente do tamanho da empresa. Com a necessidade de pagar o investimento em prazos curtos, as vendas precisam ser maiores. “Sempre existe o risco de as receitas não cobrirem as despesas de abertura e manutenção do ponto de venda. Além disso, o negócio fica sujeito a imprevistos, como frio em uma temporada de verão”, diz Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP.

Adepta da estratégia de investir em lojas sazonais desde 2005, a grife carioca Farm marca presença, durante o verão, em algumas das mais badalas praias do Brasil, como Ilha Bela e Trancoso. Gerente da marca, Carlos Mach explica que a Farm não aposta em lojas definitivas nesses locais porque o investimento não se pagaria no restante do ano. “Na loja temporária projetamos a marca e, embora o lucro varie em cada localidade, nunca tivemos prejuízo”, diz. A empresa, que investe em média R$ 400 mil para cada unidade, encerrou a temporada de 2010 com faturamento de R$ 800 mil.

Os consultores em negócios também recomendam que os empresários avaliem a compatibilidade do negócio com o modelo de lojas temporárias “Obtêm mais vantagens as companhias que trabalham com um mix menor de produtos pequenos e de fácil mobilidade. Ou seja, quanto mais fácil for a reposição do estoque, mais indicado é o ramo”, afirma Heloisa. “Além disso, o momento ideal para quem deseja apostar neste modelo é quando existe a ideia de expandir ou lançar um produto.”

É o que motiva a doceria Ofner a abrir, todos os anos, na temporada de inverno, uma loja temporária na cidade de Campos do Jordão. Laury Roman, diretor comercial da Ofner, revela que os resultados nem sempre são totalmente satisfatórios. Mas a possibilidade de testar novos produtos leva a empresa a seguir investindo nos pontos de vendas sazonais. “No último ano, tivemos um lucro muito pequeno perante o tamanho dos custos, de aproximadamente R$ 400 mil. Mas, continuamos apostando no modelo porque há demanda”, diz.

(IG Economia – 23/03/2011)