O empresário Abilio Diniz vendeu metade de suas ações sem direito a voto (preferenciais) do Pão de Açúcar para o BTG Pactual, de André Esteves, por R$ 490 milhões.

O negócio, feito no exterior, só envolveu as ações que não estão atreladas ao controle da companhia.

A Folha apurou que o BTG atuou apenas como intermediário na compra de 4.830.654 recibos americanos de ações (chamados ADRs), no fim de julho. O banco pretende revender os papéis.

Com o negócio, Abilio se desfez de todas as suas ADRs e reduziu à metade sua participação em ações sem voto do Pão de Açúcar, passando de 5,4% para 2,5%.

A transação não precisaria ser informada ao mercado porque envolve menos de 5% do capital. Porém, como Abilio é parte do bloco de controle e
presidente do conselho, a companhia tem até o dia 10 para comunicá-la.

Ainda segundo apurou a reportagem, esse é mais um passo de Abilio desde que entregou o controle do Pão de Açúcar ao Casino, em junho do ano passado.

Pelo contrato, o empresário passou a ter o direito de ser presidente do conselho de administração. Para isso, precisa manter suas ações com direito a voto (ordinárias), que hoje representam 47,6% do total desses papéis (cerca de R$ 2 bilhões).

Com a troca de comando, começaram os desentendimentos entre Abilio e o Casino. O empresário decidiu então vender seus papéis sem direito a voto para, assim, diversificar seus investimentos.

Enquanto isso, tenta negociar sua saída do Pão de Açúcar, antecipando a venda
de suas ações com direito a voto ao Casino, algo que, pelo contrato, só ocorrerá em 2022.

A primeira venda de ações sem direito a voto foi em 2012 e envolveu R$ 150 milhões. Neste ano, foram duas, no total de R$ 2,35 bilhões.

Pelo menos R$ 500 milhões foram aplicados em ações da BRF (fusão entre Sadia em Perdigão), o equivalente a 2,9% de participação.
BRF

Os novos recursos deverão ser investidos na BRF, em que Abilio pretende ter até 5%.

Em abril, o empresário foi eleito presidente do conselho da BRF, gerando mais controvérsias com o Casino.

O grupo francês afirma existir um conflito de interesse, porque a BRF é o maior fornecedor do Pão de Açúcar. O assunto foi discutido no conselho da varejista. Sem solução, essa disputa virou um processo de arbitragem.

Consultados, Abilio Diniz, BTG e Pão de Açúcar não quiseram se pronunciar.

(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo