Uma série de informações detalhadas a respeito das relações comerciais entre a companhia de alimentos BRF e o GPA (Grupo Pão de Açúcar) foi pedida pelo o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) ao empresário Abilio Diniz.  

O órgão quer avaliar também a relação da rede supermercadista com outras indústrias. Para tanto, pediu ao empresário estimativas do volume de negócios – em quantidade e preço em valores brutos e percentuais – entre a o GPA e outros fornecedores, como Nestlé, Ambev, Unilever, Procter & Gamble, JBS, Camil, Coca-Cola, Kraft, Marfrig /Seara. Quer entender a relação BRF e Pão de Açúcar nos mercados de frios, processados, embutidos, de forma individualizada para cada mercado; e também da BRF e os principais concorrentes, como Carrefour e Walmart, nos mesmos segmentos. Por fim, o Cade quer saber como ocorrem as flutuações no volume de negócios e pede dados históricos desses movimentos nos últimos seis semestres.

Fica evidente a preocupação do órgão regulador com o segmento de embutidos e processados. Na petição levada ao Cade, Abilio não forneceu tais dados. Apenas usou as informações públicas dadas por ambas as companhias – BRF e GPA -, alegando que não há nenhuma relação de dependência com clientes e fornecedores.

A relatora do processo no Cade é Ana Frazão. Abilio pode solicitar que as respostas aos questionamentos sejam mantidas em sigilo. O empresário tem até o dia 9 de agosto para atender aos pedidos.

Até o momento, não se tem notícia de que outras partes interessadas – concorrentes da BRF ou do GPA – tenham levado ao Cade qualquer preocupação ou consulta formal a respeito do acúmulo de posição de Abilio Diniz nos conselhos das duas companhias.

A medida adotada pelo ex-dono do Pão de Açúcar foi considerada preventiva. Mas, a partir desse estudo, o Cade deve criar jurisprudência para outras situações desse tipo que possam surgir no universo corporativo nacional.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo