A operadora de shopping centers BR Malls deverá fincar o pé no Nordeste nos próximos seis a doze meses, com a construção de seu primeiro shopping na região. Segundo o CEO da empresa, Carlos Medeiros, a companhia está avaliando terrenos para este propósito. Se os planos avançarem, há a chance da empresa erguer até dois empreendimentos em até um ano. Por ora, a BR Malls segue com participações em centros comerciais já existentes. O principal deles é o Shopping Recife, em Pernambuco.

Durante participação no 12o Congresso Internacional de Shopping Centers e Conferência das Américas, o executivo afirmou que o momento nunca foi tão bom para o setor. Um dos reflexos mais positivos seria a diminuição do custo de captar recursos. “Em 2006, quando começamos, levantávamos dinheiro pagando uma taxa de inflação de 12%. Hoje pagamos IGP + 4,5%. Isso faz com que a gente consiga fazer mais projetos”, afirmou.

Para Medeiros, no entanto, o horizonte favorável não é isento de desafios. Um deles seria o aumento da competição. O executivo pontuou que, há 20 anos, apenas 30% dos shoppings eram construídos fora das capitais. Hoje, esse percentual é de 50%. O movimento estaria contribuindo para o aumento da penetração em algumas cidades, muitas das quais sem demanda para tantos centros.

“Nos próximos cinco anos alguns shoppings centers vão ter dificuldades”, disse. Na visão do presidente da BR Malls, os pequenos empreendedores vão sofrer mais, por não contarem com escala operacional e relacionamentos comerciais de peso. A situação deverá contribuir para o aumento da consolidação no setor, ainda bastante pulverizado. Hoje, as três maiores empresas de shoppings do país têm 24% do mercado.

A expansão do e-commerce também deverá pressionar por mudanças no perfil das lojas físicas instaladas nos empreendimentos. “Em torno de 80% das vendas da Apple nos Estados Unidos são feitas nas lojas. A empresa conseguiu criar um ambiente baseado em serviços e em boa experiência para o consumidor.”, afirmou o CEO da BR Malls. “Esse é um trabalho que os varejistas vão precisar fazer para levar o cliente à loja ou ao shopping para não perdê-lo para uma venda pela internet”, finalizou.

Governo

A demora na aprovação de projetos foi outro ponto reforçado pelo executivo. E Medeiros não encara a questão com otimismo. Ele disse que ao contrário de setores com mão de obra intensiva, a gestão de shoppings não se apoia sobre uma ampla base de colaboradores. Com isso, os pleitos das empresas do setor não têm o mesmo apelo junto ao governo.

Prova disso é que a BR Malls apresenta um valor de mercado de cerca de 25.000 reais por cada um dos seus funcionários. Para se ter uma ideia, essa taxa é de 924 reais para a Usiminas e apenas 137,7 reais para o frigorífico JBS. “Vemos setores sendo super bem tratados pela governo e isso tem relação direta com o número de empregos que eles geram”, disse.

Medeiros afirmou ainda que o poder público tem passado para o empreendedor a incumbência de resolver problemas de infraestrutura, principalmente nas grandes cidades. E que a contrapartida das empresas em obras de trânsito, por exemplo, deverá ficar ainda maior daqui para frente.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo